Macron é derrotado nas eleições ao parlamento europeu após escalar guerra na Ucrânia
Após se comprometer com enfiar a França no atoleiro da guerra por procuração dos EUA na Ucrânia, partido de Macron perde na votação ao Parlamento Europeu, dissolve legislativo e antecipa eleições. Situacionistas que embarcaram na guerra ao lado da Otan, na Alemanha e Espanha, também colheram reveses
O presidente Macron e sua política de empurrar a França para a guerra da Otan na Ucrânia contra a Rússia – ameaçando colocar tropas lá e enviando aviões Mirage 2000 e mísseis Scalp – foram fragorosamente derrotados nas eleições ao Parlamento Europeu encerradas neste domingo (9) e o ‘petit Jupiter’ – como é sarcasticamente conhecido – anunciou a dissolução do parlamento francês e a antecipação de eleições. O primeiro turno irá ocorrer no dia 30 de junho e o segundo, no dia 7 de julho.
Graças ao delírio belicista de Macron e sua sabujice diante de Biden, mais a deterioração das condições de vida sob a inflação provocada pelas ensandecidas sanções contra a Rússia e a energia barata que esta fornecia, o partido de Marine Le Pen pela primeira vez chegou aos 31,5%, contra 15,2 % recebidos pelo partido do presidente.
Nas vésperas da eleição, Macron recepcionou o chefe do regime neonazi de Kiev, Volodymyr Zelensky, usando o acontecimento para fazer propaganda de sua política belicista e demente, apesar de protestos da oposição contra tal manipulação. Em maio, segundo o instituto de pesquisas IFOP, a aprovação de Macron mal chegava a 31%.
Cabe lembrar que Macron enfiou, goela abaixo do povo francês, e sem passar por votação na Assembleia Nacional, o aumento da idade mínima de aposentadoria, apesar das greves e das manifestações, usando um dispositivo constitucional criado por De Gaulle ao tempo em que precisou reunificar a França diante da independência da Argélia.
Sobre os arreganhos belicistas de Macron, Madame Le Pen dissera que “temos a sensação de que ele quer ir para a guerra e que está fazendo tudo para tentar agravar a pressão que pode levar a uma escalada amanhã”.
No comentário do jornal progressista Humanité, a antecipação das eleições é “o ato final de um príncipe em fim de carreira, de um aprendiz de feiticeiro das instituições da Quinta República”.
Os socialistas obtiveram 14%; a França Insubmissa, 10,1%; Les Républicains, 7,2%; Ecologistas, 5,5%; Reconquista, 5,2%. Os demais partidos ficaram abaixo do limiar de 5%.
A antecipação das eleições já foi usada, anteriormente, pelos presidentes De Gaulle, Mitterrand e Chirac.
Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa e ex-candidato a presidente, também saudou a antecipação das eleições legislativas, postando na plataforma de mídia social X que Macron “não tem mais legitimidade para prosseguir suas políticas de abuso social, belicismo e inação climática”.
Antes, Mélenchon havia denunciado a escalada incitada por Macron, com a autorização de ataques ucranianos na Rússia usando armas francesas, e afirmado que “não queremos guerra”. “Se fizermos isso com equipamento francês, não se surpreenda se houver resposta”, acrescentou.
O secretário-geral do Partido Comunista Fabien Roussel, havia advertido que Macron “escolhe, sozinho, a escalada militar cruzando as linhas vermelhas que ele havia estabelecido”, e alertou: “não nos deixemos arrastar na guerra!”
O cabeça da lista do partido de Marine Le Pen, Jordan Bardella, que logo após a divulgação dos resultados chamara a convocar “novas eleições”, exigiu que Macron abandonasse “a agenda que estava se preparando para implementar: a desindexação das aposentadorias, o novo aumento dos preços da energia a partir deste verão”.
Sem a antecipação, as eleições legislativas seriam realizadas em meados de 2027, logo após a eleição presidencial. Madame Le Pen se declarou “pronta” para “exercer o poder”. “Prontos para acabar com a imigração em massa, prontos para fazer do poder de compra do povo francês uma prioridade, prontos para começar a reindustrializar o país, enfim, estamos prontos para reviver a França”.
“De bombeiro piromaníaco a homem-bomba irresponsável”, comentou o jornal Libération sobre a decisão de Macron, que, caso o partido de Le Pen vença as eleições antecipadas, implicará na chamada “coabitação”, com Macron na presidência até o fim do mandato em 2027, mas com um primeiro-ministro da Reunião Nacional.
Em outro comentário sobre Macron, o Libération o classificou de “pato duplamente manco”, em “Paris e Bruxelas”.
O jornal conservador Figaro, em editorial, chamou a antecipação das eleições de “salto para o desconhecido”, cujas consequências são “incalculáveis”: o chefe de Estado corre o risco de confiar amanhã as rédeas do poder ao partido “cujo progresso prometeu travar”.
Nos principais países do bloco europeu, o eleitorado mandou sua mensagem de repúdio aos que empurraram o continente para a crise, votando contra a situação – como na Alemanha e Espanha.
Mas o que esperavam: que os eleitores fossem sufragar aqueles que, com a mão no leme, apostam na escalada da guerra e, através das sanções e seu ricochete nos próprios países europeus, a partir da elevação dos custos da energia, na reiteração da crise, e são coniventes com a desindustrialização do velho continente em favor de Washington?
Sinal dos tempos, um figurão italiano notório pela xenofobia, o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, pediu aos cidadãos dos países da UE que votem contra os partidos de “esquerda” nas eleições para o Parlamento Europeu, argumentando que eles podem desencadear uma nova guerra mundial.
Salvini fez as declarações no sábado, ao votar em Milão. O governo italiano “é um dos poucos que se mantém firme” contra a participação [na guerra], afirmou, acrescentando que “se os partidos aliados a Macron vencerem, a terceira guerra mundial está ao virar da esquina”.
“Peço veementemente um voto contra a guerra, para isolar bombardeiros perigosos como Macron. Hoje e amanhã os italianos podem parar os ventos da guerra”, disse ele a repórteres.
Salvini atacou repetidamente Macron por suas sugestões de que a França e outros países da Otan deveriam, em última instância, implantar botas no terreno na Ucrânia. No início deste mês, ele pediu ao presidente francês que “colocasse um capacete e fosse à Ucrânia para lutar pessoalmente se desejasse a guerra”.
Ele acrescentou ainda que a Itália não vai mais aprovar o envio de qualquer tipo de arma “a menos que tenhamos a certeza de que essas armas não serão usadas para atacar e matar dentro da Rússia, seria o incidente que nos levaria diretamente para a Terceira Guerra Mundial”.
Fonte: Papiro