Presidente Ramaphosa no comício de encerramento da campanha | Foto: AFP

Com 99% da apuração divulgada neste sábado (1º), como resultado das eleições gerais da África do Sul realizadas na quarta-feira (29), as urnas apontam para a vitória do partido Congresso Nacional Africano (CNA) com 41% dos votos. No entanto, o resultado apresenta um recuo na aceitação popular em relação aos 57,5% obtidos na última eleição nacional, em 2019. 

Esta é a primeira vez em três décadas que o CNA precisará de alianças para obter maioria absoluta no parlamento e se manter à frente do governo. Na África do Sul, o presidente é o chefe de Estado e chefe de governo, eleito pelo parlamento bicameral para um período de seis anos.

A insatisfação dos sul-africanos com o elevado desemprego, o crescimento da desigualdade e a escassez de água e energia dominam a pauta e se materializaram no recuo eleitoral do partido governista, que ainda se apresentou dividido com o seu ex-presidente Jacob Zuma, que governou o país de 2009 a 2018, se apresentando como candidato. Acusado de corrupção, Zuma foi afastado no seu último ano da Presidência e substituído pelo atual presidente Cyril Ramaphosa.

Condenado por desafiar uma ordem da corte e não aparecer ao tribunal durante o julgamento, Zuma teve concedido um perdão presidencial por Ramaphosa após três meses de prisão. Agora, Zuma, que criou um novo partido, o “Umkhonto we Sizwe” (A Lança da Nação), concorreu contra o CNA e alcançou 13% dos votos.

A vice-secretária-geral do ANC, Nomvula Mokonyane, afirmou que a legenda desde já trabalha as composições para manter Ramaphosa na presidência. “Ninguém vai renunciar… Coletivamente, todos nós estamos confiantes de que ele continuará como presidente do CNA”, declarou Mokonyane, frisando que há um clima de diálogo, “paz e harmonia”. “Estamos todos falando uns com os outros e gostaria que esse clima pudesse permear as comunidades e os eleitores”, assinalou.

Com programa privatista, a Aliança Democrática (AD) apresenta-se como potencial aliado e “abordagem equilibrada” para a privatização de estatais.

“Nada necessariamente vai mudar. O governo do Congresso Nacional Africano vai continuar, ainda que sob uma coalizão”, afirmou o doutor Oscar van Heerden, pesquisador sênior no Centro para Diplomacia e Liderança Africana da Universidade de Joanesburgo. 

“O povo da África do Sul falou e deu ao CNA, como partido do governo, um mandato menor, mas mesmo assim um mandato. Penso que o CNA vai ver as coisas sob essa luz”, acrescentou.

O balanço final dos votos, previsto para domingo (2), vai determinar o número de assentos que os partidos terão na Assembleia Geral e o consequente peso na eleição do próximo presidente. Segundo a comissão eleitoral independente que dirige o processo, quase 28 milhões de pessoa estavam aptas para votar, com a participação beirando os 60%.

Fonte: Papiro