Os membros do G7 resolveram aprovar a ilegalidade um dia antes da visita do Papa | Foto: AFP

Em um ato classificado por muitos como “serrar o galho em que se está sentado”, o grupo de países imperialistas e ex-colonialistas que atende pela sigla de G7 anunciou na quinta-feira (13) que irá usar os juros das reservas russas congeladas em instituições ocidentais – US$ 1,5 bilhão – como garantia do empréstimo de US$ 50 bilhões para o regime de Kiev manter os ucranianos de bucha de canhão da expansão da Otan para leste e da guerra por procuração contra a Rússia.

O que tem como efeito colateral explicitar que os dólares e euros mantidos em depósito em bancos ocidentais podem ser afanados assim que Washington preferir. As reservas russas congeladas são da ordem de US$ 300 bilhões, 95% disso no Euroclear, instituição europeia de compensação, e os aprendizes de feiticeiro optaram, por agora, em afanar os juros sobre as reservas congeladas, dizendo que isso não atinge as normas internacionais, questão sobre cuja legalidade até o FMI emitiu “preocupações”.

A Rússia já havia avisado, previamente, que tal roubo será respondido na lata com confisco de bens ocidentais na Rússia.

Nesta sexta-feira (14), ao se reunir com os principais diplomatas russos, o presidente Vladimir Putin se referiu à encenação, pelos países ocidentais, de “alguma base legal para finalmente se apropriarem” dos ativos russos e das reservas cambiais confiscados.

“Apesar de toda a trapaça, o roubo certamente continuará sendo roubo e, por outro lado, não ficará impune”, afirmou o presidente russo.

“A questão é ainda mais profunda. Ao roubar ativos russos, darão mais um passo no sentido de destruir o sistema que eles próprios criaram e que durante muitas décadas garantiu a sua prosperidade, permitiu-lhes consumir mais do que ganham, através de dívidas e obrigações para atrair dinheiro de todo o mundo”, enfatizou Putin.

“Agora torna-se óbvio para todos os países e empresas, fundos soberanos, que os seus ativos e reservas estão longe de estar seguros, tanto no sentido jurídico como econômico da palavra. E o próximo na fila para expropriação pelos Estados Unidos e pelo Ocidente pode ser qualquer um – estes são os fundos de estados estrangeiros, podem ser eles também.”

Putin observou, ainda, que existe “uma desconfiança crescente no sistema financeiro baseado nas moedas de reserva ocidentais” e tem havido “uma saída de fundos de títulos e obrigações de dívida de países ocidentais, bem como de alguns bancos europeus, que até recentemente eram considerados um local absolutamente confiável para armazenar capital.”

O presidente russo chamou a “intensificar seriamente a formação de mecanismos econômicos estrangeiros bilaterais e multilaterais eficazes e seguros, alternativos aos controlados pelo Ocidente”. O que também “envolve a expansão dos pagamentos em moedas nacionais, a criação de sistemas de pagamentos independentes e a construção de cadeias de produção e abastecimento, contornando canais bloqueados ou comprometidos pelo Ocidente”.

Coincidentemente, como registrou a mídia especializada, no domingo (9) expirou o tratado EUA-Arábia Saudita de 50 anos de duração, e com ele, sua principal consequência, a cláusula não escrita de que petróleo só poderia ser vendido em dólares, o assim chamado petrodólar.

A reunião do G7 foi caracterizada por órgãos da mídia imperial como sendo um encontro de “patos mancos”, ou, segundo o New York Times, “líderes ocidentais enfraquecidos se reúnem na Itália para discutir um mundo ingovernável”. Entre os “líderes” em estado precário em seus países, o NYT citou o francês Macron, o alemão Scholz, o britânico Sunak e o canadense Trudeau, e revelou não esperar muito da reunião. Registrou que a reunião de Roma seria “a viagem de despedida” de Sunak.

Outras deliberações do G7 foram repudiadas pela China, como a que tentou pressionar a China, acusando empresas chinesas de contribuírem para o esforço de guerra da Rússia na Ucrânia. “A China se opõe firmemente a todas as sanções unilaterais e jurisdição de braço longo. As interações econômicas e comerciais normais entre a China e a Rússia não devem ser interferidas ou interrompidas, muito menos ser usadas como uma ferramenta para difamar e conter a China”, disse Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

“A China e a Rússia são parceiros estratégicos abrangentes de coordenação. A cooperação mutuamente benéfica entre China e Rússia é inerentemente lógica e muito resiliente, e é do interesse de ambos os países, acrescentou Lin.

Sobre a crise na Ucrânia, está bem claro para a comunidade internacional quem está pedindo diálogo e lutando pela paz, e quem está alimentando a luta e incitando o confronto, enfatizou Lin.

Os EUA, por um lado, continuam a despejar armas e munições na Ucrânia, mas, por outro, transferem a culpa de minar a paz e prolongar a crise para outros países. Vê mesmo a crise como uma oportunidade para impor sanções e reprimir outras, rechaçando a hipocrisia e arrogância.

Às vésperas do G7, Washington anunciou a extensão das chamadas “sanções secundárias” a empresas chinesas, inclusive bancos, sob o pretexto de que transacionam com organizações russas sancionadas.

Fonte: Papiro