Trabalhadores da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf Eletrobrás), reunidos no prédio central da empresa, no Recife | Foto: Divulgação/CO

Os trabalhadores da Eletrobrás entraram em greve na segunda-feira (10) por tempo indeterminado, após a empresa se recusar a negociar um novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2024/2026. O último, válido por dois anos, venceu na última sexta-feira (7). A greve atinge subsidiárias como Furnas, Eletrosul, Eletronorte e Chesf, além de 10 das 11 bases da Eletronorte. Na Chesf, a sede de Recife também irá paralisar as atividades a partir de sexta-feira (14).

Segundo o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) e a Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), a proposta apresentada pela empresa, privatizada em 2022, reduz salários, retira benefícios, altera o plano de saúde e dá margem para demissões em massa, que colocam em risco o sistema energético do país. A Eletrobrás também rejeitou uma mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Em relação a pauta econômica, a proposta da empresa oferece apenas reposição salarial pelo IPCA para quem ganha até R$ 6 mil. Quem ganha acima deste valor terá zero de reajuste. Além disso, há um corte dos salários previsto para quem recebe até R$ 15,5 mil, que chega a mais de R$ 1,9 mil por mês.

“A empresa quer congelar os salários por dois anos e com esse reescalonamento salarial nos dividem em sete nichos”, afirma a vice-presidente da CNU, a engenheira Florestal Fabíola Latino. O primeiro dia de greve foi marcado por protestos contra os cortes de salários e as ameaças de demissão, enquanto seus acionistas e dirigentes maximizam seus ganhos.

As entidades também denunciam que a proposta foi entregue em cima da hora do vencimento do acordo, sem dar tempo para a avaliação da categoria e a apresentação de uma contraproposta. “Nos preocupa muito a possibilidade de demissão em massa, pois isto coloca em risco o sistema energético brasileiro. Temos trabalhadores e trabalhadoras altamente qualificados que não podem ser substituídos de uma hora para outra, sem um devido treinamento”, afirma Fabíola. A Eletrobrás é responsável por 25% da geração e 40% da transmissão de energia no Brasil.

Segundo Fabíola, o novo plano de demissões é ainda mais cruel porque desta vez a empresa sequer oferece um Plano de Demissão Voluntária (PDV). “Nós tínhamos garantia de uma cláusula de barreira de demissões de até 20% do quadro. Além disso, muitos trabalhadores que aderiram ao PDV não puderam sair como desejavam, por falta de pessoal qualificado para preencher as vagas. Agora a Eletrobrás quer demitir em massa e isto é muito prejudicial aos consumidores de energia”, diz Fabíola.

Fonte: Página 8