Manifestação de lançamento da Nova Frente Popular francesa | Foto: Samir Al Doumy/AFP

A Nova Frente Popular da França, afirmou que apresentará um projeto de lei para cancelar a reforma previdenciária sancionada por Emmanuel Macron e reduzir a idade da aposentadoria para 60 anos se vencer as eleições parlamentares.

A Frente Popular selou uma coligação formada pela França Insubmissa, Partido Socialista, Partido Comunista e Os Ecologistas para disputar as eleições legislativas que acontecerão em 30 de junho.

“Se vencermos, a reforma de Macron será cancelada; apresentaremos um grande projeto de lei sobre a pensão aos 60 anos já em 2024. Contaremos com o trabalho conjunto dos nossos parceiros sociais”, disse Éric Coquerel, legislador do partido França Insubmissa, em entrevista coletiva na sexta-feira (21), condenando a reforma que aumenta gradualmente a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos que entrou em vigor em setembro de 2023.

A palavra de ordem de “Pensão aos 60” foi uma das principais mobilizadoras dos protestos contra a “reforma previdenciária” de Macron. As manifestações que ocorreram na França, de janeiro a junho de 2024, contaram com mais de 1 milhão de pessoas em atos públicos por toda a França.

As últimas manifestações ocorrem em plena crise política devido à derrota de Macron nas eleições europeias, rejeitado por conta da sua submissão à política dos EUA; da entrega de mísseis franceses de longo alcance ao regime neonazi da Ucrânia para ataques à Rússia, da inflação provocada pela falta de gás e combustíveis; combo que o levou à antecipação das eleições legislativas, previstas inicialmente para 2027, junto com as eleições presidenciais, e que agora ocorrerão em 30 de junho e 7 de julho deste ano.

Os partidos que compõem a nova aliança planejam, então, organizar uma grande conferência para discutir o quadro jurídico para colocar a idade de aposentadoria para 60 anos com organizações sociais lideradas pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) – principais centrais sindicais do país.

IMPOSTO SOBRE ‘SUPERLUCROS’

A ideia é utilizar, entre outras coisas, um imposto sobre altos salários e rendimentos elevados para financiar as pensões.

Desfazendo os benefícios instituídos pelo governo de Macron para os ricos e o grande capital, o plano da Frente Popular propõe restaurar vários regimes fiscais anteriores. A aliança está pedindo a reintrodução do imposto sobre grandes fortunas, que foi substituído no início da presidência de Macron por um imposto menor e menos progressivo sobre a riqueza imobiliária. Da mesma forma, busca a restauração de um ‘imposto de saída’ cancelado sobre a retirada de riquezas do país, assim como o reforço de um novo imposto único sobre ganhos de capital. Com corporações como a Total, uma das maiores empresas de petróleo da França, acumulando lucros extraordinários desde a crise energética pós-pandemia, a aliança também está pedindo um novo imposto sobre ‘superlucros’

Se eleita, a frente propõe um acordo que prevê um cessar-fogo imediato na guerra de Israel em Gaza, juntamente com a libertação de todos os reféns na Faixa de Gaza e prisioneiros políticos palestinos detidos em prisões israelenses. Pede um embargo de armas e a suspensão do acordo de associação da UE com o Estado de Israel. Enquanto define os ataques de 7 de outubro do Hamas como ‘terroristas’, um governo da aliança buscaria sanções contra o governo de Netanyahu e trabalharia para fazer cumprir possíveis mandados do Tribunal Penal Internacional contra autoridades israelenses, incluindo o atual chefe de governo de Israel. Trabalhando dentro do quadro de a Solução de Dois Estados para o conflito Israel-Palestina, a aliança de esquerda pede o ‘reconhecimento imediato’ da soberania do Estado Palestino.

Fonte: Papiro