Com povo na rua, Arce debela golpe na Bolívia e golpista já está preso
A tentativa de golpe na Bolívia está debelada, com o presidente boliviano Luis Arce, ladeado pelo vice David Choquehuanca e por auxiliares, agradecendo na quarta-feira (26) à noite à multidão reunida em torno do palácio de governo na praça Murillo, em La Paz: “muito obrigado ao povo boliviano… viva a democracia!”, registrou a Associated Press.
Arce e a multidão, que portava bandeiras da Bolívia, cantaram então o hino nacional. À noite, o general golpista, Juan José Zúñiga, havia sido preso.
Algumas horas antes, o presidente havia advertido o mundo sobre a “movimentação irregular” de tropas e chamado o povo boliviano, as organizações de massa e as instituições da república a deterem o golpe, encabeçado pelo ex-comandante do exército, general Zúñiga, a quem destituíra na véspera por fazer declarações polêmicas contra o ex-presidente Evo Morales.
Tanquetas e veículos militares haviam ocupado a praça diante do palácio e o próprio Zúñiga tentou submeter Arce, como mostra o embate entre o presidente e o general, mostrado em vídeo que viralizou. O presidente confrontou Zúñiga, no corredor do palácio, a quem disse: “Eu sou seu comandante, e ordeno que retire seus soldados, e não permitirei essa insubordinação”.
Com apoio das principais entidades populares bolivianas, das instituições democráticas, da polícia e da maior parte das forças armadas, que se recusaram a aderir ao golpe, mais a enorme solidariedade do mundo inteiro, e especial, da América Latina e Caribe, à preservação da democracia, tornou-se impossível abafar o isolamento da tentativa de golpe, e o presidente Arce nomeou e deu posse a três novos comandantes das forças armadas, generais José Sánchez Velásquez (Exército), Gerardo Zabala Alvarez (Força Aérea) e Renán Guardia Ramírez (Marinha).
O novo chefe do Exército ordenou que todas as tropas retornassem aos quartéis, enfatizando que “ninguém quer as imagens que estamos vendo nas ruas”, e foi atendido.
Também o ex-presidente Evo, atualmente com grandes divergências com Arce sobre os rumos da Bolívia, conclamou à defesa da democracia e convocou uma greve geral.
O presidente Arce disse que aqueles que se levantaram contra ele estavam “manchando o uniforme” e reiterou que faria respeitar a democracia. Foi um “dia atípico na vida do país que quer democracia”, acrescentou.
Arce elogiou as tropas que obedecem à Constituição e “usam seu uniforme com orgulho”.
Ele criticou o que chamou de “tentativa de golpe de tropas que estão manchando a farda, que estão atacando a nossa Constituição”.
“Lamentamos as atitudes de maus soldados que, lamentavelmente, repetem a história ao tentar dar um golpe quando o povo boliviano sempre foi um povo democrático”, acrescentou.
Em pronunciamento à nação quando o quadro ainda estava se definindo, Arce advertira que a Bolívia enfrentava novamente uma tentativa de golpe de Estado, “os interesses de que a democracia na Bolívia seja arruinada”, disse.
“Aqui estamos o governo nacional com todos os seus ministros, firmes, com o nosso vice-presidente, firmes aqui na Casa Grande (prédio do governo) para enfrentar qualquer tentativa de golpe, qualquer tentativa que ameace a nossa democracia. O povo boliviano é chamado hoje: Precisamos que o povo boliviano se organize e se mobilize contra o golpe de Estado, em favor da democracia”, adicionou.
“Não podemos permitir que mais uma vez tentativas de golpe tirem vidas bolivianas. Queremos conclamar a todos a defender a democracia. E aqui estamos firmes na Casa Grande com todo o gabinete, com as nossas organizações sociais”, ressaltou.
“Saudamos as organizações sociais e as convidamos para que mostrem novamente o caminho da democracia ao povo boliviano. Viva o povo boliviano. Viva a democracia”, concluiu.
Fonte: Papiro