China repele “arrogância e mentiras” do G7 na declaração final de Roma
A declaração da reunião anual do G7 – o grupo das sete potências imperialistas e ex-coloniais – “mais uma vez manipulou questões relacionadas à China, difamou e atacou a China”, afirmou o porta-voz da chancelaria chinesa Lin Jian, que apontou a “arrogância, preconceitos e mentiras” do texto.
O comunicado “repetiu clichês que não têm base factual, nem base jurídica, nem justificativa moral, e estão repletos de arrogância, preconceito e mentiras”, disse Lin na segunda-feira (17), durante uma coletiva de imprensa diária, segundo a Xinhua.
A China foi citada mais de 20 vezes no documento. Foram comentários irresponsáveis sobre a situação no Estreito de Taiwan, também sobre questões relacionadas ao Mar da China Oriental, Mar do Sul da China, Hong Kong, Xinjiang e Xizang, e sobre o chamado “excesso de capacidade chinesa”, ele destacou.
Lin observou que o G7 “não representa o mundo”, lembrando que os sete – EUA, Canadá, Grã Bretanha, França, Itália, Alemanha e Japão – representam “apenas 10% da população mundial”. Ano após ano, sua participação na economia global continuou caindo, disse Lin, acrescentando que, mesmo combinados, eles contribuem menos do que a China para o crescimento econômico global, e seu agregado econômico em termos de paridade de poder de compra já foi superado pelos países do BRICS.
O porta-voz disse que o G7 há muito se afastou de seu propósito original de coordenação para a estabilidade no ambiente econômico global e se tornou cada vez mais uma ferramenta política para perpetuar a supremacia dos EUA e do Ocidente.
Coloca – ele acrescentou – suas próprias regras e decisões acima dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, e perdeu sua capacidade de representar o mundo e a credibilidade entre a comunidade internacional.
O G7 está agindo contra a tendência mundial de desenvolvimento pacífico, observou Lin. Ele disse que, embora afirme salvaguardar a paz mundial, o G7 continua traçando linhas ao longo da diferença de ideologia e valores, exaltando a falsa narrativa de “democracia versus autocracia”, formando grupos exclusivos e incitando o confronto do bloco, atiçando chamas e fugindo de responsabilidades em conflitos regionais, enviando navios e aeronaves militares para a Ásia-Pacífico para criar tensões e armar Taiwan para ameaçar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan.
“Esses movimentos indevidos que perturbam a ordem internacional e prejudicam a paz e a segurança estão sendo cada vez mais desprezados e rejeitados pelas forças do bem no mundo”, disse Lin.
“O G7 não está mais no caminho certo de cooperação ganha-ganha”, disse ele, acrescentando que, nos últimos anos, os Estados Unidos repetidamente exageraram o conceito de segurança nacional, abusaram de medidas de controle de exportação, implementaram sanções unilaterais, perseguiram ferozmente empresas chinesas e encorajaram seus aliados a tomar as mesmas medidas erradas, o que viola gravemente os princípios da economia de mercado e da concorrência justa e perturba a ordem econômica e comercial internacional.
A alegação de “excesso de capacidade chinesa” do G7 não é apoiada por fatos ou pelas leis da economia, disse Lin. É apenas uma desculpa para proteger monopólios e mina o esforço global para a transição verde e de baixo carbono e a cooperação na resposta climática, acrescentou.
O G7 é o verdadeiro responsável pela “coerção econômica”, pois continua a politizar e instrumentalizar o comércio, que é uma reversão de nosso mundo globalizado, onde os interesses dos países já estão profundamente integrados, observou Lin. “Tal comportamento acabará saindo pela culatra contra o próprio G7”, disse o porta-voz.
Por sua vez o Global Times registrou que o G7 prometeu combater “a onda de produtos baratos de alta tecnologia” da China, tomar medidas contra instituições financeiras chinesas que supostamente “apoiam a Rússia” e ameaçou retaliar a China por meio de restrições à exportação.
Os EUA estão tentando emplacar um falso consenso de que “a China deve ser responsabilizada por todas as crises”, disse ao Global Times Li Haidong, professor da Universidade de Relações Exteriores da China para se favorecerem.
Ele observou que os demais países membros do G7, ao seguirem os EUA nessas acusações à China não mostram nenhuma estratégia independente diante de Washington. O que ele considerou “prejudicial” para o futuro ambiente de segurança para os membros do G7 e para a comunidade internacional em geral.
Analistas apontaram ainda que os líderes dos países do G7 estão todos enfrentando crises internas, com baixa aprovação e sob pressão eleitoral, com alguns tendo sofrido derrotas recentemente. Assim, ao tentarem de várias maneiras fazer a China de bode expiatório, esses líderes buscam redirecionar a insatisfação do público e dos eleitores de seus próprios países, acrescentou Li. “É uma manobra política insidiosa e muito típica.”
Por sua vez, Zhang Hong, pesquisador associado do Instituto de Estudos Russos, do Leste Europeu e da Ásia Central da Academia Chinesa de Ciências Sociais, examinou a tentativa do G7 de difamar a China no contexto do conflito Rússia-Ucrânia, uma “tática empregada pelos EUA”.
“É completamente irracional atribuir o conflito Rússia-Ucrânia em curso ao comércio normal China-Rússia quando todos os países ao redor do mundo continuam a se envolver no comércio com a Rússia”, disse ele ao Global Times. “Isso ignora o fato de que ações irresponsáveis dos países ocidentais exacerbaram as perdas sofridas pela Ucrânia.
Fonte: Papiro