Chapa da CTB vence no Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do RJ
Com o apoio da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), a Chapa 1 – Responsabilidade, União e Mais Conquistas venceu a eleição para a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro (Sintect-RJ). A apuração foi encerrada na sexta-feira (21), após três dias de votação.
“É o reconhecimento do trabalho que estamos realizando – das lutas, dos momentos de enfrentamento e das paralisações. Quando foi necessário, fizemos até greve nas unidades dos Correios para garantir melhores condições de trabalho”, diz Marcos Sant’Aguida, presidente reeleito do Sintect-RJ.
Dos 5.800 sócios do Sindicato aptos a votarem, 4.344 participaram do pleito. Foram 2.491 votos (57,34%) para a Chapa 1, contra 1.724 votos (39,69%) na Chapa 2, da CUT. Houve ainda 129 votos nulos ou brancos (2,97%).
Enfrentando a “chapa do patrão”
“Dois projetos estavam em disputa”, resume Marcos. “De um lado, a Chapa 1, com nossa proposta de um sindicato de classe, que luta junto aos trabalhadores. Do outro, a Chapa 2, que queria um sindicato degenerado, do lado do patrão.”
A eleição, de fato, foi marcada por graves acusações contra a Chapa 2 e a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). Houve denúncias de loteamento de cargos na empresa com fins eleitorais. Além disso, candidatos da Chapa 2 teriam sido liberados para fazer campanha – o que é ilegal. Com tudo isso, a oposição foi tachada pela base de “chapa do patrão”.
Mesmo com um ambiente tumultuado, a CTB repetiu o percentual de votos alcançado na eleição anterior e se manteve à frente da diretoria. “A votação teve elevado comparecimento da categoria e mostrou a confiança no trabalho da direção”, diz Ronaldo Leite, secretário-geral da CTB e presidente reeleito do Conselho Fiscal do Sintect-RJ. “Com exceção da Zona Oeste, vencemos em todas as regiões – e fomos bem votados até onde perdemos.”
A força da CTB
O Sintect-RJ representa uma base estadual de cerca de 9 mil trabalhadores. A entidade foi uma das fundadoras da CTB e da Findect (Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios).
Embora o mandato dos dirigentes atuais só vença em abril de 2025, as eleições foram antecipadas para não prejudicarem a campanha salarial nos Correios (com data-base em 1º de agosto), nem coincidirem com a eleição municipal (marcada para outubro). A próxima direção terá 92 membros, além dos cinco integrantes do Conselho Fiscal.
A recondução da diretoria também expressa a força local da CTB, que está prestes a se tornar a maior central sindical no Rio de Janeiro em número de entidades na base. Dos mais de cem sindicatos filiados à CTB no estado, 78 já estão formalizados no Ministério do Trabalho e Emprego – apenas três a menos que a CUT.
Mais servidores
A depender do Sintect-RJ, a campanha salarial de 2024 será um marco na retomada de direitos. “Nossa luta é para que recuperar as cláusulas que foram retiradas do acordo coletivo no governo Bolsonaro”, afirma Sant’Aguida. Para Leite, uma das prioridades é a contratação de mais servidores e o combate à precarização. “A ECT quer contratar 3 mil no Rio de Janeiro, mas precisamos de no mínimo 10 mil. Vamos promover uma grande campanha salarial que cobre a ampliação de vagas no concurso público.”
Na visão de Sant’Aguida, os Correios devem se modernizar e diversificar seus serviços, incorporando o e-commerce (comércio eletrônico) e o marketplace (uma espécie de shopping virtual). “Para uma empresa do porte dos Correios, que tem a maior logística do País, será natural uma transição da entrega para a venda de produtos. O Mercado Livre e a Shopee estão crescendo de forma rápida, se capitalizando – e logo vão buscar uma grande logística nacional para concorrer com os Correios.”
Outro desafio da entidade – bem como do conjunto do movimento sindical – é ter protagonismo nas eleições municipais. “Como em todo o Brasil, a orientação da CTB é chamar a atenção do sindicalismo para a batalha eleitoral. Temos de eleger vereadores e prefeitos que tenham compromisso com a classe trabalhadora”, conclui Leite.