Netanyahu impede a entrada de alimentos em Gaza e usa a fome para ampliar o morticínio | Foto: AP

Mais de 8 mil crianças menores de 5 anos estão em situação de desnutrição aguda na Faixa de Gaza, com 1,6 mil delas em estado grave, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, na quinta-feira (13). “Uma proporção significativa da população de Gaza enfrenta, neste momento, fome catastrófica e condições análogas à fome”, frisou.

“Apesar dos relatos de aumento na distribuição de alimentos, atualmente, não há evidências de que aqueles que mais precisam estejam recebendo alimentos em quantidade e qualidade suficientes”, completou.

Adhanom informou ainda que por conta da insegurança e de dificuldades de acesso, apenas dois centros de atendimento para casos de desnutrição aguda operam atualmente na região.

“Nossa incapacidade de ofertar serviços de saúde de forma segura, combinada com a falta de água potável e saneamento, aumenta significativamente o risco de crianças subnutridas”, destacou. De acordo com a OMS, pelo menos 32 mortes por desnutrição aguda já foram reportadas em Gaza nos últimos dias, incluindo 28 entre crianças menores de 5 anos.

O Comissário Geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, se somou à denuncia assinalando que a guerra privou as crianças de Gaza da sua infância.

“As crianças da Faixa de Gaza experimentaram o que nenhuma criança no mundo deveria ver ou sentir. Muitos foram mortos, feridos e muitos ficarão desfigurados para o resto da vida”, assinalou na rede X.

“Aqueles que sobreviveram sofrem traumas profundos. As suas escolas foram destruídas e perderam um ano letivo inteiro, sem educação nem diversão. Sem um cessar-fogo teremos uma geração perdida”, salientou.

Na mesma rede social, a UNRWA alertou ontem que mais de 330 mil toneladas de lixo se acumulam em áreas povoadas ou próximas da Faixa devido à guerra e à destruição causada pelo Exército do genocida Netanyahu. Tal situação “representa riscos catastróficos para o ambiente e a saúde”, sublinhou.

Desde 7 de Outubro de 2023, as forças de ocupação israelenses continuaram a sua agressão contra a Faixa de Gaza, por terra, mar e ar, resultando no assassinato de mais de 37.232 pessoas, principalmente crianças e mulheres, e no ferimento de 85.037, enquanto milhares das vítimas permanecem nos escombros.

Especialistas em Direitos Humanos das Nações Unidas, na quinta-feira (13), reforçaram a condenação do massacre cometido pelas forças genocidas no campo de refugiados de Nuseirat, em Gaza, que resultou na morte de pelo menos 274 civis palestinos, incluindo 64 crianças e 57 mulheres, e o ferimento de aproximadamente 700 outras pessoas.

Em 8 de junho, as tropas de ocupação israelenses, com a ajuda de soldados e mercenários estrangeiros, entraram no campo de Nuseirat disfarçadas de deslocados internos e trabalhadores humanitários a bordo de um caminhão de ajuda, e atacaram violenta e covardemente os habitantes com intensa ação terrestre, aérea e marítima, ataques que semearam terror, morte e desespero.

“Estes métodos expõem os trabalhadores humanitários e a entrega da tão necessária ajuda humanitária a um perigo maior e revelam um nível de brutalidade sem precedentes nas ações militares israelenses”, afirmou o documento assinado por diplomatas encabeçados por Francesca Albanese, Relatora Especial da ONU para os Direitos Humanos nos territórios palestinos.

O Programa Alimentar Mundial já anunciou a cessação das suas operações no local devido a “preocupações de segurança”.

Os especialistas afirmaram: “O número dramaticamente elevado de mortes entre os palestinos afetados pela operação israelense de libertação de prisioneiros realça o flagrante desrespeito de Israel pelas vidas palestinas. Ao abrigo do direito internacional, todas as vidas civis devem ser igualmente valorizadas e protegidas, e nenhuma vida vale mais do que outra.”

Observaram que Israel teve a oportunidade de libertar os prisioneiros sem mais derramamento de sangue há oito meses, quando o primeiro acordo de cessar-fogo foi apresentado. Em vez disso, Israel rejeitou sistematicamente as propostas de cessar-fogo, preferindo continuar o seu ataque a Gaza, que levou à morte até de reféns israelenses. Enquanto isso, Israel alega estar participando de operações militares para resgatá-los.

Fonte: Papiro