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As centrais sindicais criticaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,5%. Com a manutenção, o Brasil continua a ter a segunda maior taxa de juro real do mundo, 6,54%.

Em nota assinada pelo presidente Miguel Torres, a Força Sindical destacou que “o aperto monetário do Banco Central está asfixiando não só a atividade econômica, a produção industrial e a geração de novos postos de trabalho, mas também compromete o consumo das famílias”. “A manutenção da taxa em 10,50% a.a. é um verdadeiro desastre para a economia do País, mantendo o Brasil com o 2º maior juro real do mundo e um prêmio aos especuladores”, destaca Miguel Torres.

O presidente da Força destaca que os juros altos inviabilizam o desenvolvimento, restringem o potencial de crescimento do Brasil, bem como os investimentos em políticas públicas como educação, saúde e infraestrutura. “Enquanto isso, os banqueiros lucraram 26 bilhões de reais só no último trimestre. Baixar os juros é fundamental para a retomada do crescimento sustentável, com inclusão do povo trabalhador na economia para além da mera subsistência”, continua a nota.

O economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Gustavo Cavarzan, afirma que a Selic aumenta os encargos da dívida pública e deixa o crédito mais caro para as empresas e para a população. 

“Juros altos prejudicam o governo, com aumento de custos no pagamento dos títulos da dívida pública, reduzindo recursos para outras áreas importantes, como saúde e infraestrutura. A Selic também influencia nos juros de todo o sistema financeiro, com isso, o crédito fica mais caro para famílias e empresas, aumentando o endividamento e, ao mesmo tempo, impedindo investimentos na economia real e, portanto, na criação de mais empregos”, destaca.

A vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira, destacou que o Brasil segue com a inflação sob controle e, portanto, não cabe como justificativa do Copom a manutenção do atual patamar dos juros. “Os principais beneficiados com a Selic elevada são os detentores dos títulos da dívida pública, que atualmente são as instituições financeiras”, disse.

“Usar o argumento de se preparar para expectativas futuras de inflação maior é uma falácia. A manutenção da Selic alta é proibitiva ao crescimento econômico e apenas reafirma que o órgão é suscetível às pressões do mercado financeiro e, assim, desvia das responsabilidades para com o país”, completou Juvandia. 

Para a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), “um país onde os juros estão entre os maiores do mundo, os brasileiros sentem diretamente no bolso os impactos da Selic em alta, o que prejudica, principalmente, a população mais vulnerável. Enquanto uma minoria abastada lucra com aplicações financeiras, a maioria luta para pagar contas básicas. O custo de vida elevado, aliado a salários baixos, amplia a desigualdade social”, ressalta a entidade.

Fonte: Página 8