Harvard se faz ouvir integrando movimento estudantil contra a barbárie de Israel | Foto: Yahoo

500 estudantes da Universidade de Harvard transformaram a cerimônia de formatura, no dia 23 de maio, em protesto de repúdio à Harvard Corporation – subordinada ao conselho administrativo da universidade – por determinar que 13 alunos que participaram de um protesto no campus contra o genocídio de Israel em Gaza não receberiam seus diplomas, rejeitando apelos do próprio corpo docente.

Segundo o The New York Times, o anúncio causou amplo descontentamento a membros da comunidade universitária, incluindo professores e funcionários, afirmando que os estudantes estavam sendo punidos por protestarem pacificamente.

A universidade já havia decidido na semana passada suspender cinco estudantes e sancionar outros 20 pela sua participação em um acampamento universitário contra a chacina na Faixa de Gaza.

Em apoio aos 13 alunos penalizados, os jovens deixaram o local do evento agitando bandeiras e lenços palestinos e bradando “Palestina Livre!”.

As manifestações na universidade começaram no mesmo dia 7 de outubro do ano passado, quando mais de 30 organizações estudantis assinaram uma carta aberta responsabilizando Israel pelas ações do Hamas, nas quais mais de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram sequestradas.

A reação contra essa carta e a negativa de Harvard em considerar como terrorismo os ataques israelenses contra Gaza – que já elevaram a 35.850 o número de palestinos mortos na agressão – causaram os desentendimentos no campus, apontou o The New York Times.

Estudantes pró-palestinos foram alvo de difamações com seus nomes e rostos circulando em caminhões pelo campus, e doadores ricos retiraram o seu dinheiro, lembrou o jornal de Nova Iorque.

“EXPRESSÕES DE SOLIDARIEDADE TORNARAM-SE PUNÍVEIS”

“Neste semestre, a nossa liberdade de expressão e as nossas expressões de solidariedade tornaram-se puníveis”, afirmou no ato de formatura a oradora estudantil Shruthi Kumar, sob vivas e aplausos.

“Estou profundamente decepcionada com a intolerância à liberdade de expressão e ao direito à desobediência civil no campus”, acrescentou.

Mais de 1.500 estudantes enviaram petições e quase 500 funcionários e professores manifestaram-se a favor de permitir que os estudantes se formassem, registrou Kumar.

“Trata-se de direitos civis e de defender os princípios democráticos”, expressou. “Os alunos falaram. O corpo docente falou. Harvard nos ouve?”, questionou.

Maria Ressa, jornalista filipino-americana premiada com o Nobel da Paz em 2021 e defensora da liberdade de imprensa, disse aos formandos que “a gente não sabe quem é até que se põe à prova, até lutar por aquilo em que acredita”.

“Os protestos nos campi estão pondo a prova a todos nos Estados Unidos. Os protestos são saudáveis. Não deveriam ser silenciados”, ressaltou.

Fonte: Papiro