Gangue de Netanyahu tenta esconder crimes perpetrados em Gaza | Foto: Reprodução

Sob uma grita mundial contra a censura, perseguição e assassinato de jornalistas independentes, o governo de Israel acabou devolvendo uma câmera e outras peças de equipamento que havia confiscado da Associated Press (AP) na última terça-feira (21).

Até o governo norte-americano teve que rechaçar o golpe da gangue de Netanyahu que, depois de fechar a sede da Al Jazeera em Jerusalém, chegaram a bloquear a transmissão ao vivo da agência de notícias com sede em Nova Iorque, fundada em 1846 e uma das mais tradicionais do jornalismo.

Conforme os profissionais da AP denunciaram, foi apreendido o equipamento posicionado na cidade de Sderot, vizinha à Faixa de Gaza, que fornecia imagens ao canal de satélite Al Jazeera também bloqueado com base em “uma nova lei de mídia”, que legaliza a censura à imprensa atuante em Israel, inclusive a estrangeira.

A censura atingiu a Al Jazeera, sediada no Qatar, em Israel confiscando o seu equipamento, proibindo as suas transmissões e bloqueando os seus websites.

Depois das organizações jornalísticas terem condenado a política de mordaça de Netanyahu contra a AP, o governo Biden e um dirigente da oposição israelense se somaram à onda de repulsa, forçando a reversão do abuso. O líder oposicionista Yair Lapid classificou a ação contra a AP como “um ato de loucura”.

Diante da repulsa generalizada, o ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, reconheceu na noite de terça-feira na plataforma social X: “Agora ordenei o cancelamento da ação e a devolução do equipamento à AP”.

Karhi explicou que o Ministério da Defesa realizará uma revisão do posicionamento dos veículos que transmitem ao vivo e notou que identificava como um problema o fato das imagens aparecerem em tempo real na Al Jazeera. A Associated Press rebateu dizendo que a Al Jazeera é um dos seus milhares de clientes, abastecida pela AP.

O vice-presidente de comunicações corporativas da AP, Lauren Easton, apontou que os profissionais da agência “continuam preocupados com o uso que o governo israelense faz da lei de radiodifusão estrangeira contra a capacidade dos jornalistas independentes de operarem livremente em Israel”.

Funcionários do Ministério das Comunicações chegaram ao local da AP na cidade de Sderot, no sul, na tarde de terça-feira e confiscaram o equipamento. Na oportunidade, entregaram aos profissionais da AP um pedaço de papel, assinado pelo ministro das Comunicações, alegando que estavam violando a lei de emissoras estrangeiras do país. Karhi reiterou que qualquer dispositivo usado para entregar conteúdo da Al Jazeera pode ser apreendido.

Pouco antes, a AP transmitia uma visão geral do norte de Gaza. A AP cumpre as regras de censura militar de Israel, que proíbem a transmissão de detalhes como movimentos de tropas que possam colocar em risco a vida dos invasores.  A AP tinha recebido uma ordem verbal na última quinta-feira para cessar a transmissão ao vivo, o que se recusou a fazer.

Desde o início da invasão à Faixa de Gaza, em 7 de outubro, mais de 140 jornalistas foram assassinados, transformando o local no terreno mais letal para a categoria em toda a história moderna, superando em mais que o dobro a contagem de corpos destes profissionais durante a Segunda Guerra Mundial, com 69 baixas, e os conflitos no Vietnã e sudeste asiático, com 63.

Nestes sete meses já são mais de 35 mil palestinos mortos e oito mil palestinos “desaparecidos” sob os escombros, a maioria mulheres e crianças alvos das bombas lançadas por terra, ar e mar pelas forças de Israel.

Fonte: Papiro