Senado investiga oferta de Trump a petroleiras em troca de US$ 1 bi a sua campanha
Três presidentes democratas de comitês do Senado dos EUA abriram uma investigação sobre o oferecimento, em abril, pelo virtual candidato republicano a presidente, Donald Trump, de um bonanza fiscal e ambiental para as corporações do petróleo, as Big Oil, no jargão político, em troca de US$ 1 bilhão para financiar sua campanha, convite à corrupção que o Washington Post registrou.
“Essa solicitação, juntamente com relatos preocupantes de que interesses de combustíveis fósseis e outras empresas têm elaborado linguagem para uso em ordens executivas favoráveis a seus negócios durante um possível segundo governo Trump, exigem investigação adicional imediata”, afirmaram o presidente do Comitê de Orçamento do Senado, Sheldon Whitehouse, e o do Comitê de Finanças do Senado, Ron Wyden.
“Uma transação tão óbvia de políticas por dinheiro cheira a compadrio e corrupção”, eles assinalaram. A abertura da investigação foi motivada, também, por acintosa arrecadação de fundos para Trump, organizada pelo Big Oil no Texas.
De acordo com o Post, Trump se comprometeu a acabar com as políticas climáticas implementadas sob o presidente democrata Joe Biden se a indústria de combustíveis fósseis arrecadasse US$ 1 bilhão para sua campanha presidencial de 2024.
As cartas do Senado exigindo esclarecimentos foram enviadas na quinta-feira (23) ao American Petroleum Institute (API) e a oito empresas, ExxonMobil, Chevron, Occidental Petroleum, Chesapeake Energy, Cheniere Energy, Continental Resources, EQT Corporation e Venture Global LNG, que teriam participado da discussão do “quid pro quo” em uma reunião com Trump em sua mansão de Mar-a-Lago. Respostas e documentos deverão ser apresentados ao Senado até 6 de junho.
“De acordo com relatos, o Sr. Trump assumiu compromissos políticos específicos, incluindo promessas de leiloar mais arrendamentos de petróleo e gás em terras federais e em águas federais, reverter os padrões de poluição para novos carros e acabar com as restrições de perfuração no Ártico do Alasca”, detalharam. Ele também prometeu encerrar a pausa em novas licenças para exportações de gás natural liquefeito (GNL), supostamente se comprometendo a fazê-lo “no primeiro dia”, denunciaram os senadores Whitehouse e Wyden.
Como registrou o portal Common Dreams, Trump chamou o arranjo proposto de um “acordo” para os executivos, dados os benefícios fiscais e regulatórios que ele entregaria para as grandes empresas e executivos de petróleo.
Ainda de acordo com Common Dreams, “uma análise descobriu que, se os executivos do setor aceitassem Trump em sua oferta de US$ 1 bilhão – que foi subestimada pelo noticiário a cabo – haveria um grande retorno sobre o investimento para as empresas, que desfrutariam de cerca de US$ 110 bilhões apenas com as isenções fiscais”.
“A oferta flagrante de quid pro quo do Sr. Trump é particularmente preocupante à luz de relatórios simultâneos de Politico de que a indústria de petróleo e gás está elaborando ordens executivas ‘prontas para assinar’”, observaram Whitehouse e Wyden.
A dupla de senadores apontou documentos divulgados no mês passado pelos painéis de Jamie Raskin [deputado democrata] e Whitehouse como parte de uma investigação de três anos que na quarta-feira culminou em pedido ao procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, para que investigue a indústria de combustíveis fósseis por décadas de disseminação de desinformação sobre seus produtos e a emergência climática.
“De particular relevância aqui, os documentos divulgados na investigação conjunta detalham a influência descomunal da indústria na política energética durante o primeiro governo do Sr. Trump… Por sua vez, o governo Trump parecia confiar na indústria de petróleo e gás para apoiar e defender sua agenda de energia anticlimática”, acrescentaram Whitehouse e Wyden.
Além da corrupção, Trump também está apostando na xenofobia em sua tentativa de voltar à Casa Branca. Na última quinta-feira, em um comício no Bronx, bairro novaiorquino em que 55% são latinos e 33 %, negros, o biliardário asseverou à plateia que os “imigrantes ilegais” estão formando “um exército” para atacar “por dentro” os norte-americanos.
“Quase todos são homens e parecem ter idade para lutar. Acho que eles estão formando um exército”, delirou Trump no Crotona Park, no South Bronx. “Eles querem nos atacar por dentro.”
“Não vamos deixar que essas pessoas entrem e tirem nossa cidade de nós e tirem nosso país”, acrescentou Trump, prometendo realizar “a maior operação de deportação de criminosos da história de nosso país” se for reeleito para a Casa Branca.
Trump também procurou vincular os níveis recordes de imigrantes pegos cruzando ilegalmente a fronteira entre os EUA e o México com a situação econômica dos eleitores negros e hispânicos, alegando que os imigrantes “estavam tomando seus empregos”.
Para analistas, a decisão de Trump de fazer comício no Bronx foi para aproveitar sua estadia forçada em NY, onde está tendo de passar boa parte de sua agenda no julgamento do pagamento pelo silêncio de uma ex-atriz pornô na campanha presidencial de 2016.
Fonte: Papiro