Vista aérea da Parada da Vitória | Foto: Reprodução

Em meio à guerra por procuração da Otan na Ucrânia e ao cerco econômico – as mais extensas sanções já aplicadas contra qualquer país -, a Rússia festejou nesta quinta-feira (9), a vitória da Humanidade, e particularmente sua, sobre o flagelo do nazismo, detido há 79 anos, com o tradicional Desfile da vitória no Kremlin – o tanque T-34 com a honrada bandeira soviética, a revoada de MiGs nos céus deixando um rastro branco-azul- vermelho, os mísseis Yars e Iskanders, os novos S-400 antiaéreos, e a presença de soldados vindos direto das trincheiras no Donbass.

Putin os saudou “os prezados cidadãos da Rússia, os caros veteranos”, os “camaradas soldados e marinheiros, sargentos e suboficiais, aspirantes e subtenentes”, os “camaradas oficiais, generais e almirantes” e “combatentes, comandantes, combatentes da Grande Guerra pela Pátria, heróis da operação militar especial”.

“Feliz Dia da Vitória! Felicito-os pelo nosso feriado mais importante, verdadeiramente popular e sagrado! Homenageamos nossos pais e avôs, bisavôs. Eles defenderam nossa terra natal e esmagaram o nazismo, libertaram os povos da Europa e alcançaram o auge de valentia militar e diligência no trabalho”.

No breve discurso, Putin rechaçou aqueles que tentam distorcer a verdade sobre a Segunda Guerra Mundial e açulam fascistas, em prol de sua política colonialista.

“A verdade perturba aqueles que estão acostumados a construir sua política, essencialmente colonial, na base de hipocrisia e mentiras. Eles derrubam memoriais dos verdadeiros lutadores contra o nazismo, colocam traidores e colaboradores dos nazistas de Hitler em pedestais, apagam a memória da bravura e nobreza dos soldados libertadores e do grande sacrifício que eles fizeram em prol da vida”.

“O revanchismo, a zombaria da história, o desejo de justificar os atuais seguidores dos nazistas – tudo isso faz parte da política geral das elites ocidentais de fomentar cada vez mais conflitos regionais, hostilidade interétnica e inter-religiosa, e de conter centros soberanos e independentes de desenvolvimento mundial”, afirmou o presidente russo.

“Rejeitamos as reivindicações de qualquer Estado ou aliança de excepcionalidade. Sabemos onde a exorbitância de tal ambição leva. A Rússia fará tudo o que for possível para evitar um confronto global, mas ao mesmo tempo não permitiremos que ninguém nos ameace. Nossas forças estratégicas estão sempre prontas para combate”, sublinhou Putin.

Ele acrescentou que o Ocidente “gostaria de esquecer as lições da Segunda Guerra Mundial, mas lembramos que o destino da humanidade foi decidido nas grandiosas batalhas de Moscou e Leningrado, Rzhev, Stalingrado, Kursk e Kharkov, nos arredores de Minsk, Smolensk e Kiev, em árduas e sangrentas batalhas de Murmansk ao Cáucaso e à Crimeia”.

Nos três primeiros, longos e muito difíceis, anos da Grande Guerra pela Pátria, – destacou Putin – “a União Soviética, todas as repúblicas da ex-União Soviética, lutaram praticamente sozinhas contra os nazistas, enquanto a força militar da Wehrmacht era sustentada por praticamente toda a Europa”.

Em seguida, Putin ressaltou que a Rússia “nunca minimizou a importância da Segunda Frente [Frente Ocidental] e a ajuda dos aliados”.

“Honramos a coragem de todos os soldados da coalizão anti-Hitler, membros da resistência, guerrilheiros, a coragem do povo da China, que lutou por sua independência contra a agressão do Japão militarista. E sempre nos lembraremos, nunca, nunca esqueceremos nossa luta comum e as inspiradoras tradições da aliança”.

Putin reiterou que atualmente a Rússia “está passando por um período difícil e marcante. O destino da Pátria e seu futuro dependem de cada um de nós”.

“Hoje, no Dia da Vitória, percebemos isso de forma ainda mais aguda e clara e sempre tomamos como exemplo a geração dos vencedores – corajosa, nobre e sábia – por sua capacidade de preservar a amizade e suportar as dificuldades com firmeza, de sempre confiar em si mesmos e em seu país, de amar a Pátria com sinceridade e altruísmo.”

“Nós celebramos o Dia da Vitória em um momento em que ocorre uma operação militar especial. Todos os seus participantes – aqueles que estão na linha de frente, na linha do contato de combate – são nossos heróis. Nós reverenciamos sua resistência e sacrifício, sua abnegação. Com vocês está toda a Rússia”, afirmou Putin.

“Nossos veteranos também acreditam em vocês e se preocupam com vocês. O envolvimento espiritual deles em seus destinos e façanhas une de forma inquebrantável a geração de heróis da Pátria.”

“Hoje, inclinamos nossas cabeças diante da brilhante memória de todos aqueles cujas vidas foram ceifadas na Grande Guerra pela Pátria. Em memória dos filhos, filhas, pais, mães, avôs, bisavôs, maridos, esposas, irmãos, irmãs, parentes, amigos.”

“Inclinamos nossas cabeças diante dos veteranos da Grande Guerra pela Pátria que nos deixaram. Diante da memória dos civis mortos pelos bombardeios bárbaros e ataques terroristas dos neonazistas. Diante de nossos companheiros de armas que caíram na luta contra o neonazismo, na justa batalha pela Rússia”.

A pedido de Putin, a multidão homenageou a todos os caídos no enfrentamento do nazismo com um minuto de silêncio.

“9 de maio é sempre um dia muito emocional e comovente. Todas as famílias homenageiam seus heróis, olham para as fotos, para os rostos queridos e amados, recordam seus parentes e suas histórias sobre como lutaram e trabalharam”, disse Putin.

“O Dia da Vitória une todas as gerações. Avançamos nos apoiando em nossas tradições centenárias e estamos confiantes de que juntos garantiremos um futuro livre e seguro para a Rússia, para o nosso povo unido!”

E encerrando: “Glória às valentes Forças Armadas! Pela Rússia! Pela vitória! Viva!

A PARADA NO KREMLIN

Mais de 9 mil soldados participaram do desfile militar. Depois de dois anos, a aviação voltou a sobrevoar a Praça com caças Su-30, Mig-29 e Su-25. Ao lado de Putin, estavam dois veteranos da Grande Guerra Patriótica, Alexandra Aleshina, que completou 100 anos em fevereiro deste ano, Yevgeny Kuropatkov, que comemorou seu centenário em julho do ano passado.

Após a cerimônia, Putin, acompanhado pelos dirigentes de repúblicas ex-soviéticas, como Alexander Lukashenko (Bielorrúsia), Shavkat Mirziyoyev (Uzbequistão), Kassym-Jomart Tokayev  (Casaquistão, Tadjiquistão), Emomali Rahmon (Tajiquistão), Sadyr Japarov (Quirguistão) e Serdar Berdimuhamedov (Turqueministão), mais o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel Bermudez, o presidente do Laos, Thongloun Sisoulith, e o presidente da Guiné-Bissau, Oumarou Sisoku Embalo, depositaram rosas vermelhas no Túmulo do Soldado Desconhecido.

Estão ocorrendo comemorações em mais de 300 cidades russas. A marcha do Regimento Imortal, em que familiares carregam retratos de seus parentes que lutaram contra os nazistas e que já se tornou tradicional, este ano foi cancelada devido a preocupações com a segurança. As celebrações em homenagem ao Dia da Vitória em Moscou terminarão com uma grande queima de fogos de artifício, a partir das 22 h, hora de Moscou.

Fonte: Papiro