Popularidade de Lênin cresce e atinge 67% de aprovação na Russia
Desfile militar pela Praça Vermelha em Moscou, União Soviética, para comemorar o 50º aniversário da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia, em 7 de novembro de 1967.
A simpatia pelo líder revolucionário Vladimir Lênin atingiu seu ponto mais alto na Rússia contemporânea desde os tempos soviéticos, com uma aprovação de 67%, revela uma pesquisa realizada em abril de 2024. Este aumento na popularidade reflete uma tendência em que apenas 16% dos russos têm uma atitude negativa em relação a Lênin. Esse sentimento é particularmente forte entre pessoas com mais de 55 anos e aquelas com menos de 24 anos. Além disso, a maioria dos russos se opõe à retirada do corpo de Lênin do Mausoléu.
Essa onda de apoio a Lênin está correlacionada com uma preferência crescente por uma economia planejada, com 62% dos entrevistados indicando preferência por esse sistema em relação ao capitalismo (24%). O sistema soviético é considerado o melhor por 49% das pessoas entrevistadas, enquanto apenas 18% preferem o sistema atual (capitalista), e 16% expressam preferência pela democracia ocidental.
Desde 2006, tem havido um aumento na proporção de avaliações positivas sobre o papel de Lênin na história do país – de 40% (em 2006) a 67% (em 2024) – hoje a maioria dos russos acredita que o líder revolucionário desempenhou um papel positivo na história do país (de acordo com a soma das respostas, “totalmente positivo” e “bastante positivo”).
Quanto àqueles que avaliam “negativamente” ou “bastante negativamente” o papel do revolucionário, o seu número diminuiu agora de 27% e 9% para 11% e 5%, respectivamente. A queda mais que dobrou no primeiro caso e quase dobrou no segundo, o que também é muito significativo.
Que papel Lênin desempenhou no país? Totalmente positivo (escuro), bastante positivo (claro), bastante negativo (laranja), fortemente negativo (vermelho), não sabe dizer (cinza)
Rússia soviética
Essa inclinação para o socialismo é evidente em outras áreas também. No final de 2023, um recorde de 48% dos entrevistados expressaram desejo de viver sob o socialismo, enquanto apenas 5% preferiam o capitalismo, de acordo com uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Social da Academia Russa de Ciências.
Além disso, a maioria dos entrevistados (80%) tem uma visão favorável da era soviética, enquanto 63% lamentam a dissolução da União Soviética. Metade dos entrevistados acredita que a Revolução de Outubro teve, em geral, consequências mais positivas para a Rússia: “depois da revolução, o país começou a desenvolver-se mais”; “como resultado da Revolução de Outubro, a Rússia tornou-se uma potência industrial desenvolvida”; “A vida tornou-se melhor para as pessoas comuns.” 21% dos entrevistados acreditam que houve mais consequências negativas para a economia.
No entanto, nem todos os russos se consideram socialistas. Entre os jovens, 28% se identificam como socialistas, enquanto outros 20% se consideram liberais e 13% são conservadores. Apesar disso, 73% dos jovens russos defendem a propriedade estatal, em contraste com apenas 17% que apoiam a propriedade privada.
Ao avaliar o comunismo como um sistema de ideias, uma forma de organização social, a maioria dos russos acredita que há mais coisas boas do que más no comunismo. Porém, em sua argumentação, via de regra, as pessoas eram guiadas por experiências passadas. Entre os aspectos positivos estavam as garantias sociais, a estabilidade, uma sociedade justa e a ordem. Entre os negativos estão as restrições às liberdades, a escassez de bens e a supressão da individualidade.
Essas tendências refletem uma crescente insatisfação com a desigualdade social e a estagnação econômica na Rússia capitalista. O domínio dos oligarcas e o confronto com o Ocidente levantaram questões sobre o modelo econômico adotado pelo país, levando muitos a questionar se a restauração do capitalismo foi realmente benéfica para os interesses da população russa.
Nostalgia do socialismo
Quando as pessoas ouvem as palavras “União Soviética”, na maioria das vezes vem à mente que se trata de “infância, adolescência, juventude”, “tudo de bom”, “uma vida calma e confiante”. A esmagadora maioria das pessoas com mais de 50 anos conta aos jovens sobre a vida na época soviética e, com raras exceções, fala positivamente sobre isso. As pessoas com menos de 50 anos, por sua vez, relatam que as suas ideias sobre a URSS são mais influenciadas pelas histórias dos mais velhos. E 82% dessa faixa etária ouve essas histórias.
O fato da juventude estar aliada aos avós na simpatia pela Revolução, segundo analistas das pesquisas, revela que a consciência daqueles que hoje têm entre 18 e 24 anos não está tão claramente obscurecida pela propaganda anticomunista desenfreada da era Yeltsin-Gaidar – ao contrário daqueles cuja entrada na idade adulta ocorreu nos “arrojados anos 90”.
Nas atuais condições socioeconômicas, os jovens procuram respostas para questões sociais prementes e, não as encontrando no quadro de hoje, voltam a sua atenção para a herança soviética. E nisso aproximam-se quase da faixa etária dos nossos concidadãos que viveram sob o socialismo e conservaram na alma uma grata memória desse período. A juventude em busca e a velhice convencida cerraram hoje fileiras e formaram um único bloco leninista.
Por Cezar Xavier com informações de Равенство.Медиа