Milei exibe seu capachismo ao colonizador | Foto: AFP

O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a elogiar a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, conhecida na Inglaterra como “a bruxa”, qualificando de “brilhante” sua atuação na Guerra das Malvinas (de abril a junho de 1982). Thatcher comandava o Reino Unido durante o confronto bélico e ordenou o afundamento no dia 2 de maio daquele ano do cruzador General Belgrano, em cujo naufrágio morreram 323 argentinos. O arquipélago está localizado a apenas 400 quilômetros da costa argentina e a quase 13.000 km do reino de quem se mantém prisioneiro.

Sem meias-palavras, o presidente – que admite conversar com seu cachorro morto – confessou ser admirador da chefe de governo que aplicou, com mão de ferro, políticas de arrocho e privatização e que dizia ter liderado pessoalmente a guerra com a Argentina.

A homenagem que presta a Thatcher é motivo de duras críticas dos ex-combatentes das Malvinas e deu origem a um duro confronto com o candidato peronista no debate presidencial no ano passado.

Durante entrevista com a BBC, Milei disse que “houve uma guerra e a nós coube perder”. “Isso não quer dizer que não possamos considerar que estavam à frente pessoas que fizeram o seu trabalho bem feito. Eu não somente admiro a Margaret Thatcher, admiro também a Ronald Reagan nos Estados Unidos. Qual é o problema?”, questionou.

Reagan, presidente norte-americano da época, deu escancarado apoiou os britânicos contra os argentinos, seja com apoio militar ou de equipamentos de inteligência e comunicações, em aberta violação ao TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca), aplicável em casos de guerra, para favorecer a um membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

No campo econômico, o presidente dos EUA era extremamente neoliberal, propagandista da ideia de que “neste momento de crise, o governo não é a solução para os nossos problemas; o governo é o problema”.

Subserviente, Milei disse que “o território das Malvinas hoje está em mãos do Reino Unido, ou seja, tem todo o direito de exercê-lo”. Questionado se a luta pelo resgate da soberania não é prioritária, tergiversou: “há um enorme conjunto de elementos em comum sobre os quais podemos trabalhar com o Reino Unido, sem ter que estar discutindo e brigando por uma questão que entendemos que levará tempo para ser resolvida, porque estamos passando pelos canais diplomáticos”. “Creio que é a maneira adulta para fazê-lo e sem dor”, disse.

Para o Centro de Ex-Combatentes das Malvinas em La Plata, Milei vem adotando medidas antinacionais, fazendo com que a batalha pela soberania sobre o arquipélago simplesmente desapareça da agenda oficial e se dobrem diante das provocações britânicas.

O rechaço às declarações do presidente vassalo também se faz presente por parte dos Veteranos de Malvinas de La Rioja, apontou Carlos Eduardo Barrera, que trabalhou toda a sua vida nas Forças Armadas e participou da Guerra das Malvinas. “Tive a sorte de participar e estar vivo. Deixamos nosso sacrifício, nossa vida, nossos companheiros, aqueles que permaneceram em terra, nas ilhas lutando. Aqueles que permaneceram a bordo do cruzador morreram no Belgrano, aqueles que foram mutilados, aqueles que ficaram incapacitados e que através daquela guerra traumática tiraram suas vidas”, recordou Barrera.

Fonte: Papiro