“O que esperam para emitir o mandado de prisão de Netanyahu?”, cobra Líbia na ONU
“O que você está esperando, Mr. Khan?”, indagou o embaixador líbio na ONU, Taher El Sonni, ao procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), o britânico Karim Khan, que participou de uma reunião do Conselho de Segurança. O líbio cobrou a decretação de um mandato de prisão para Netahyahu, o principal responsável pelo genocídio e crimes de guerra que Israel vem perpetrando em Gaza há sete meses.
O TPI não é a Corte Internacional de Justiça da ONU, que investiga acusações contra países, e que já abriu investigação de Israel, a pedido da África do Sul, por genocídio e incitação ao genocídio em Gaza. O TPI investiga pessoas por violação da lei internacional.
“Mr. Khan, eu estou falando de Gaza, do genocídio, das grandes violações, dos crimes de guerra que estão sendo perpetrados há vários meses em Gaza. O mundo espera que o TPI investigue e emita um mandado de prisão contra os líderes israelenses”, afirmou El-Sonni, advertindo que este é “o verdadeiro teste do TPI”.
Registre-se que se está falando em 35 mil palestinos mortos, 70% deles mulheres e crianças, e quase 80 mil feridos; praticamente toda a infraestrutura destruída – escolas, universidade, hospitais, tratamento de água -; 80% das casas arrasadas até o chão e dois milhões de deslocados, à beira de uma fome definida como “catastrófica” pela ONU; e com autoridades israelenses que quase diariamente se autoincriminam sobre genocídio, crimes de guerra, punição coletiva e crimes contra a Humanidade.
Também o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, classificou o TPI de um “órgão fantoche” e denunciou sua “politização”.
Assim, para atender Washington e a Otan, pouco mais de um mês após o início do conflito na Ucrânia, o TPI emitiu um mandado de prisão para o presidente Putin, por supostamente ser “cúmplice” no “sequestro de crianças ucranianas” – na verdade, a retirada de crianças da zona de guerra.
Curiosamente, o TPI não considerou as 15 mil crianças palestinas mortas – ou as 10 mil mulheres palestinas mortas – razão suficiente para emitir mandado de prisão para Netanyahu.
“Mr. Khan, o TPI é um instrumento político nas mãos do Ocidente, não é um órgão de reconciliação, ao contrário, está ativamente entravando o processo de paz ao tentar influenciar as partes segundo os interesses de seus mestres ocidentais”.
Ele denunciou, ainda a inação do TPI, que já vinha realizando desde 2015 uma “investigação preliminar” sobre os crimes contra os palestinos e, desde 2021, uma investigação formal, sem nenhum ação concreta contra os violadores dos direitos, executores de apartheid e ocupantes há 57 anos de terra alheia.
Também a Argélia cobrou do TPI um “enfoque sério” quanto à investigação sobre os atos criminosos de Israel em Gaza e na Cisjordânia ocupada.
Já Khan – nomeado a dedo para substituir um procurador-geral inconveniente, que ameaçava investigar os crimes de guerra dos EUA no Afeganistão -, cinicamente disse aos que o cobraram de que não seria “influenciado nem intimidado” por ninguém.
Fonte: Papiro