Homenagem ao presidente levou milhões de iranianos às ruas | Foto: AFP

Mais de três milhões de pessoas participaram na quinta-feira (23) em Mashad, no nordeste do Irã, das homenagens finais ao presidente Ebrahim Raisi, que morreu no domingo na queda do helicóptero que o transportava e ao chanceler iraniano, Hosein Amir Abdolahian, segundo a Hispan TV.

Flores foram jogadas no caixão de Raisi, levado lentamente por um caminhão, por entre a multidão. Ele foi enterrado no santuário Imam Reza, com cúpula dourada, o local islâmico mais sagrado do Irã e reverenciado como o local de descanso do Imam Ali al-Reza, do século IX.

Mashad é a cidade natal de Raisi. Antes, o cortejo havia passado por Birjand, onde milhares de pessoas prestaram suas homenagens.

Nos cinco dias de luto oficial, milhões mais se despediram de Raisi em Tabriz, Qom e na capital, Teerã. Na quarta-feira, na Universidade de Teerã uma multidão assistiu à oração fúnebre, encabeçada pelo Aiatolá Ali Khamenei. 68 delegações estrangeiras se fizeram presentes.

No adeus ao presidente Raisi, multidões expressaram seu apreço pela revolução iraniana e pela causa da libertação da Palestina. O Irã “perdeu um servo sincero e valioso”, afirmou Khamenei.

Por sua vez, o governo descreveu Raisi como “um presidente trabalhador e incansável” que dedicou sua vida a “servir ao grande povo do Irã no caminho para o avanço e progresso do país”. Nesse sentido, ressaltou que o presidente “cumpriu sua promessa e sacrificou sua vida pela nação”.

A queda do helicóptero se deu após cerimônia de inauguração de uma barragem juntamente com o seu homólogo do Azerbaijão, Ilham Aliyev, na província do Azerbaijão Oriental.

Na Assembleia Geral da ONU, os embaixadores observaram um minuto de silêncio em relação ao presidente morto, enquanto o presidente da AGNU, Dennis Francis, expressava suas condolências ao povo e ao governo iraniano.

O ex-chanceler Amirabdollahian foi homenageado em uma cerimônia no Ministério das Relações Exteriores em Teerã. O corpo do ministro foi enterrado ao sul de Teerã, no santuário Shah Abdolazim da cidade de Rey, um mausoléu onde dirigentes e artistas iranianos estão enterrados.

Conforme a constituição iraniana, o vice Mohammed Mokhber assumiu a presidência interinamente, até a eleição já marcada para o dia 28 de junho.

Sob Raisi, o Irã completou seu processo de se tornar membro pleno da Organização de Cooperação de Xangai e membro do Brics e ampliou os vínculos estratégicos com a China e com a Rússia. Sob mediação de Pequim, reatou as relações com a Arábia Saudita.

Não se submeteu à tentativa do governo Biden de impor ainda mais restrições à soberania iraniana usando o rompimento por Trump dos acordos JCPOA assinados por Obama.

Também manteve o papel ímpar do Irã no apoio à Síria, aos irmãos libaneses e aos irmãos iemenitas, e especialmente à luta de libertação palestina.

E foi em seu governo que teve fim, em resposta ao ataque do governo israelense à embaixada iraniana em Damasco, o unilateralismo no campo militar que vigorava no Oriente Médio, com o Irã advertindo Israel que, daqui em diante, se atacar, receberá o troco direta e prontamente.

Fonte: Papiro