Israelenses exigem "Fora Netanyahu" ao ocuparem o centro de Tel Aviv | Foto: AFP

“Netanyahu está destruindo a nossa chance de rever nossos parentes”, a frase ouvida de norte a sul de Israel sintetiza o repúdio das centenas de milhares de manifestantes que tomaram as ruas do país contra a sabotagem de Netanyahu ao entendimento com o Hamas que possibilite a liberação dos reféns e o cessar-fogo na Faixa de Gaza, e que se repetiu no sábado (4).

Depois das imprensas saudita e egípcia chegarem a anunciar que o acordo estava prestes a ser concluído, começaram a chegar os desmentidos acerca do avanço nas negociações entre Israel e Hamas. Segundo o jornal Haaretz, foi Netanyahu quem propositalmente detonou os entendimentos ao declarar que Israel não se comprometia com o fim da guerra e que o ataque a Rafah “vai ocorrer com ou sem acordo”.

A aberta sabotagem foi exacerbada com a declaração do fanático na pasta de Finanças, Bezalel Smotrich dizendo de forma a ultrapassar o próprio nazismo de que a disposição do governo é “aniquilar Gaza”, no que não foi desmentido por nenhum dos integrantes do ministério de Netanyahu.

Não satisfeito com as ameaças à vida de mais de um milhão de palestinos sob cerco e bombardeio em Gaza, o governo aprovou a ordem de encerramento das atividades da rede Al Jazeera em Israel.

Imediatamente após a decisão ditatorial, a polícia invadiu as instalações da rede em Jerusalém.

A direção da Al Jazeera denuncia a agressão israelense como “um ato criminoso contra os direitos humanos”.

As atitudes de clara sabotagem aos entendimentos revoltaram milhares ao longo de Israel, lotando as ruas do país com a exigência da saída de Netanyahu e eleições já.

Em Tel Aviv, a maior de todas as concentrações fechou a avenida Kaplan. Manifestantes também retiraram bloqueios à marcha de protesto entrando em confronto com a polícia.

Os familiares dos detidos em Gaza foram os mais veementes contra a desfaçatez criminosa de Netanyahu. Yehuda Cohen, pai do soldado Nimrod Cohen, falou na manifestação na cidade de Rehovot denunciando que “o terrível governo quer a falha no acordo para garantir sua continuidade no poder”.

“A ansiedade que vivemos é insuportável diante de todos os obstáculos colocados ao acordo por Netanyahu e seus amigos messiânicos”, acrescentou Cohen.

Yolanda yavor, ameaçada de prisão por se aproximar da residência de Netanyahu em Cesarea foi a principal oradora no ato ocorrido ao norte de Israel:

“Não fui eu quem violou a ordem pública, quem a viola são os culpados pelo massacre, os membros deste gabinete sanguinário e sua desprezível coalizão, são estes que quebram a ordem no país”, denunciou Yolanda.

A mãe de um dos detidos em Gaza, Einav Zangauker, disse que “é Netanyahu quem está torpedeando o acordo”.

“Não somos tolos Netanyahu, você está impedindo o acordo para agradar a turma do fanático Gvir e continuar no poder”, disse Dani Elgarat, cujo irmão Itzhaq está preso em Gaza. “Você não liga para os 133 israelenses detidos e sob risco de vida”, acrescentou Dani.

“Atacar Rafah é declarar uma sentença de morte contra os israelenses detidos. Suas mãos, Netanyahu, estarão manchada com o sangue de nossos familiares”, finalizou Dani.

Yael Or, prima de Dror Or, que morreu em 7 de outubro foi enfática: “Não temos mais como ouvir este governo, estas pessoas extremistas e cruéis, que brande um facão sobre nossos corações repetidas vezes. Não podemos aceitar este mal, esta indiferença, menosprezo e desrespeito pelas vidas humanas”.  

O líder da oposição, Yair Lapid, denunciou a falta de compromisso do governo com o entendimento e disse que um governo comprometido “mandaria uma delegação esta noite mesmo ao Cairo com uma única orientação: não retornem sem um acordo”.

Fonte: Papiro