Israel segue limpeza étnica: 500 mil palestinos já foram expulsos de Rafah
Deslocamento em massa sob bombardeio na Faixa de Gaza, região de Rafah, ocorre 76 anos após a Nakba (Catástrofe palestina), a expulsão forçada dos palestinos de suas casas no processo de imposição do Estado de Israel de maioria judaica obtida a ferro e fogo com base na limpeza étnica da Palestina.
A rememoração da Nakba deste ano foi ainda mais dramática, com meio milhão de palestinos expulsos de Rafah, em Gaza, pelas hordas israelenses, depois de sete meses de genocídio e punição coletiva contra os palestinos que se aglomeram na curta e estreita faixa junto ao mar.
Além de relembrada em muitos mais locais no mundo inteiro do que costumeiramente, graças à crescente percepção de Israel como Estado pária e a recusa, especialmente da juventude, de aceitar calada o genocídio em Gaza, transmitido em tempo real, nesse 15 de maio milhares de palestinos se reuniram na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, para homenagear as vítimas palestinas de 76 anos atrás e repudiar a carnificina em curso contra seus irmãos em Gaza.
Os manifestantes agitavam bandeiras palestinas, seguravam retratos de palestinos que foram expulsos de suas casas em 1948 e chaves dessas moradias, exibiam fotos de campos de refugiados na Faixa de Gaza e carregavam faixas com slogans como “A Nakba é recorrente em Gaza agora”.
O número de palestinos mortos nos ataques israelenses em curso na Faixa de Gaza subiu para 35.233, informaram as autoridades de saúde do enclave em um comunicado à imprensa na quarta-feira.
O dirigente do Fatah, principal movimento da Organização pela Libertação da Palestina, Mahmoud Al-Aloul, denunciou que mais de 1,9 milhão de palestinos em Gaza foram forçados a deixar suas casas desde o início do conflito em curso, classificando-o como uma “Nakba talvez muito mais severa” em comparação com a de 1948.
Ele também acusou o governo dos EUA de ser cúmplice dos “crimes” de Israel em Gaza ao fornecer armas a Israel e vetar resoluções da ONU que pediam um cessar-fogo e a adesão plena da Palestina à ONU.
Por sua vez, Ahmed Abu Holi, chefe do departamento de assuntos de refugiados da OLP, enfatizou o papel essencial da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e denunciou os EUA por suspenderem o financiamento da UNRWA, usando acusações não provadas – e mentirosas – providas por Israel.
“Nosso povo precisa que a UNRWA continue seu trabalho na Faixa de Gaza porque é a única instituição capaz de trabalhar lá”, disse Abu Holi à Xinhua, ressaltando o papel da agência da ONU na distribuição de cereais e outros produtos alimentícios.
Em Gaza, os moradores disseram que não há necessidade de marcar o aniversário da Nakba porque já estão vivendo em uma.
Mohammed al-Maqadma, um morador de 58 anos do campo de refugiados de Jabalia, disse que seus pais, sobreviventes da Nakba há 76 anos, foram mortos nos recentes ataques israelenses em Gaza.
“Para o resto da vida, meus pais não podiam parar de falar sobre seu calvário durante a Nakba. Agora, por quantos anos falarei sobre a nova Nakba para nossas próximas gerações?”, observou al-Maqadma.
Fonte: Papiro