Governo mantém proposta de reajuste zero em negociações setoriais e acordo não avança
Servidores públicos federais que iniciaram as negociações específicas de suas categorias com o governo, em especial sobre reestruturação de carreiras e ainda na tentativa de conseguirem aumento salarial em 2024, se dizem “frustrados e decepcionados”.
De acordo com as lideranças das entidades representativas dos servidores, o governo está praticamente apresentando a todas as carreiras a mesma proposta: reajuste de 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026 para os servidores de nível médio e superior. Já os servidores de nível auxiliar receberiam apenas 9%, divididos em duas parcelas de 4,5% para janeiro/2025 e maio/2026.
Em relação à reestruturação das carreiras, de acordo com as entidades, o governo também está apresentando uma “proposta padrão para todos”. “É uma sensação de frustração. Parece que o governo está selecionando carreiras para atender. A base da pirâmide, que é educação e saúde, recebe uma proposta padronizada”, afirmou Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores Serviço Público Federal (Condsef).
Segundo ele, “não é possível que o governo tenha apenas uma proposta ‘control c control v’ para nos apresentar. O que os servidores esperam e vão cobrar é uma negociação efetiva que envolva de fato a reestruturação das carreiras do Executivo”, disse.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários (SindPFA), João Daldegan, uma das três categorias que esteve reunida com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) nos últimos dias, “o governo prometeu mesas específicas para discutir as distorções de cada categoria, mas trouxe a discussão da recomposição para elas e pasteurizou uma proposta única para todos, sem entrar nas especificidades”, criticou.
“Valorizaram-se apenas algumas categorias, e oferece percentuais maiores a quem já figura na chamada ‘elite’ do serviço público”, completou.
O presidente do Fórum Nacional de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, destaca que a pressão de aposentados e pensionistas, não contemplados com reajuste dos benefícios, está bem forte para que as negociações avancem. “Estender as negociações até o final do ano é ruim para todo mundo. Sobretudo aposentados e pensionistas, não contemplados com os reajustes dos benefícios, que estão muito insatisfeitos, e com razão”, afirmou.
Esta semana, as categorias iniciam a realização de assembleias específicas para deliberar sobre a proposta, e não descartam greves e paralisações. A orientação do Condsef é para que as categorias rejeitem as propostas apresentadas pelo governo até agora.
As entidades da educação também marcaram para o próximo dia 9 um dia de mobilização nacional, “como parte as atividades da greve da educação federal, realizado em unidade pelos Comandos de Greve do Andes-SN, do Sinasefe e da Fasubra, com participação da Fenet e da UNE.
“Panfletagens, debates e atos públicos acontecerão em todo o país para reivindicar a recomposição do orçamento das Instituições Federais de Ensino, uma das pautas centrais da greve da educação federal neste momento”, afirmam as entidades.
De acordo com o Andes, docentes federais “encerraram a terceira semana de greve com a adesão de 47 Instituições Federais de Ensino (IFEs). Já são 40 universidades federais, além de cinco institutos federais e dois cefets base do Sindicato Nacional com atividades paralisadas.”
Fonte: Página 8