Uma das maiores entidades da base da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) vai às urnas. Em clima de unidade, a eleição para a diretoria do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro (SEC-RJ) está marcada para esta quarta (15) e quinta-feira (16).

Única inscrita na disputa, a Chapa 1 – A Luta Continua com Responsabilidade e Renovação é encabeçada por Márcio Ayer, atual presidente e candidato à reeleição. O sindicato representa os comerciários em três cidades – Rio de Janeiro, Paty do Alferes e Miguel Pereira. Ao todo, são mais de 300 mil trabalhadores na base, o que transforma essa categoria numa das mais importantes do País.

Márcio está na presidência desde a histórica eleição de 18 de junho de 2015, que marcou o fim da dinastia Mata Roma e devolveu a entidade aos trabalhadores. Desde então, o balanço da atuação sindical é positivo. “A entidade tem crescido a cada ano, ampliado os atendimentos na área da saúde e no jurídico. Temos maior presença nas bases, mais fiscalização para impedir os abusos dos patrões e muitas outras conquistas”, diz o presidente.

A opinião é compartilhada por Paulo Sérgio Farias, o Paulinho, presidente da CTB-RJ. “A partir de 2015, ao assumir o SEC-RJ, a direção eleita sob o lema ‘A Hora da Mudança’ colocou o sindicato numa outra perspectiva. Liderado por Márcio Ayer e a bandeira da CTB como símbolo dessa nova era, a categoria viu surgir um sindicalismo de luta, classista e ao mesmo tempo solidário”, analisa.

Paulinho destaca o êxito dos dirigentes nas campanhas salariais. “Nas negociações, a mudança foi radical. O sindicato foi para as mesas de negociações representando os interesses das comerciárias e dos comerciários – e não interesses pessoais ou inconfessos”.

Pandemia

No segundo mandato, iniciado em 2020, um dos grandes desafios da diretoria foi o combate à pandemia de Covid-19. Segundo Márcio – que também é dirigente nacional da CTB –, a crise sanitária “afetou diretamente” os comerciários.

“Os supermercados não fecharam um dia sequer, nem no pior momento da pandemia. Nas demais lojas, tivemos que cobrar ações preventivas para assegurar a saúde dos trabalhadores”, lembra. “Os shoppings ficaram apenas um período fechado. Tivemos que enfrentar patrões que se negavam a fornecer materiais de proteção aos seus funcionários e garantir medidas preventivas nas lojas.”

Na visão do sindicato, o refluxo da pandemia e o fim do governo Bolsonaro criaram um ambiente mais favorável. “A eleição de Lula trouxe novamente a esperança. Temos, agora, um governo que dialoga com o movimento sindical, que tem atuado para gerar emprego e valorizar o salário mínimo”, declara Márcio.

No entanto, o projeto de reconstrução do governo Lula sofre resistência das elites. “Temos um Congresso formado majoritariamente por parlamentares ligados aos empresários, que continuam buscando medidas para retirar direitos dos trabalhadores”, denuncia o sindicalista.

Neste novo ciclo, as entidades sindicais precisam ir à luta e defender os interesses do povo.             “Nosso papel é cobrar e pressionar para que a gente conquiste mais benefícios e melhores salários. O trabalhador precisa ser mais valorizado.”

O futuro

Em 2023, uma série de atividades marcou a celebração dos 115 anos do SEC-RJ, que recebeu homenagens e lançou uma revista especial. Na pauta da categoria, a redução da jornada de trabalho ganhou força. “Esta será, certamente, uma das prioridades da próxima direção do sindicato”, adianta Márcio. “No comércio, isso se traduz com o fim da jornada 6×1, que sacrifica demais os trabalhadores.”

Na escala 6×1, o comerciário trabalha seis dias na semana e folga apenas um dia. “Sem essa jornada, vamos ampliar o mercado de trabalho e liberar mais tempo livre para os trabalhadores”, diz Márcio. “Já entramos firmes nessa luta, que faz parte da campanha salarial atual. Com uma forte mobilização dos comerciários, poderemos avançar nessa proposta.”

Paulinho, da CTB, reforça o chamamento do SEC-RJ. “A batalha pela redução da jornada de trabalho ganhou fôlego – sem esquecer as melhorias salariais e o trabalho negociadas com altivez”, afirma. “Por isso nos comprometemos com a renovação do mandato dessa diretoria combativa. A CTB sabe que a categoria respalda essa direção e esperamos uma grande votação.”

Para dar conta das próximas lutas – e do futuro do sindicato –, a Chapa 1 aposta num grupo amplo e representativo. Com 71 membros, a nova direção terá quatro anos de mandato (2024-2028). “É uma chapa completa, com lideranças de todas as nossas bases de atuação”, diz a vice-presidenta Ana Paula Brito. “Estão representados os segmentos de lojas, shoppings, imóveis, supermercados, hortifrutis, atacadistas, funerárias e outros.”

Outra preocupação da chapa, segundo Ana, foi a diversidade. “A proporção de mulheres é superior a 40%. Para garantir renovação e continuidade, valorizamos tanto a presença da juventude quanto a permanência de dirigentes mais experientes.”

Nos dias de eleição, sócios do sindicato com a mensalidade em dia podem votar das 6 às 19 horas e ajudar a definir o destino da categoria. Haverá urnas fixas na sede da entidade, nas subsedes e nos núcleos de atendimento sindical, além de urnas itinerantes. A apuração deve ocorrer na sede do sindicato, nesta quarta, logo após o encerramento da votação.