Docentes federais denunciam “acordo farsa” e afirmam que greve continua
Governo anunciou que acordo seria assinado em reunião secreta, afirma Andes.
Contrariando a posição aprovada pela maioria das assembleias de docentes das universidades federais, o governo fechou a proposta de reajuste salarial na tarde de segunda-feira (27).
O acordo, assinado apenas pela Proifes (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico), foi repudiado pelas principais entidades que lideram a greve nacional de educação, Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e o Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica).
A proposta assinada pela Proifes prevê reajustes diferentes para cada nível da categoria até o fim da atual gestão, divididos em duas parcelas, uma em 2025 e outra em 2026 e zero em 2024. O fato de o Ministério da Gestão e Inovação (MGI), que negocia com a categoria, ter ignorado entidades de forte protagonismo na categoria, gerou muita insatisfação e protestos na tarde de ontem.
Após a reunião dos representantes do Andes com o governo, sem a presença dos diretores da Proifes, o presidente do Andes, Gustavo Seferian, disse que a assinatura do acordo em uma reunião secreta do governo com ao Proifes foi um “tiro no pé”, a “consumação de uma farsa”.
“O governo federal acaba de dizer que vai assinar o acordo com a Proifes em uma reunião secreta. É a consumação de uma farsa, a consumação de um golpe que estava se dando nesse local, aqui no prédio do MGI, em que nós do Andes-SN pudemos, não só presenciar da boca do secretário Feijóo essa sinalização, como temos também a necessidade de reconhecer que a nossa luta não só continua, mas que nós vamos, pela nossa luta, pelos nossos enfrentamentos fazer cair esse engodo que está sendo aqui construído”.
Referindo-se ao secretário de Relações de Trabalho do ministério, José Feijó, Seferian disse que “Feijóo está rasgando a história de defesa da democracia que o movimento sindical, em anos de ouro, pode ter em nosso país. Está rasgando o respeito do Lula neste momento. Está rasgando toda a respeitabilidade daqueles e daquelas que lutaram pela democracia nesse país e para vencer Bolsonaro. Está dando um tiro no pé. E ele disse com todas as palavras ‘darei esse tiro no pé’, legitimando essa farsa”. Ao final do encontro o presidente do Andes declarou: “Nós não nos calaremos, seguiremos lutando. A greve segue forte!”. No total, 58 universidades e institutos federais aderiram à paralisação deste ano.
A categoria protestou na Esplanada dos Ministérios durante a reunião gritando palavras de ordem como: “A nossa luta é todo dia. Educação não é mercadoria”; “Assinatura do Proifes vale não. Aguenta a greve federal da educação” e “Tira a tesoura da mão e investe na educação”.
Os representantes dos professores, que agora vão consultar a categoria em assembleias, afirmam que a postura do governo só fez aumentar a garra dos servidores e fortaleceu o movimento. Eles acreditam que a greve deve continuar com mais força, colocando inclusive outras pautas, como a recomposição do orçamento das universidades federais, como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que anunciaram esta semana viverem uma “calamidade financeira”.
Apesar do desfecho, os representantes do Andes conseguiram ainda o compromisso do MGI em se reunir com a entidade no dia 3 de junho para responder às contrapropostas protocoladas na segunda pela entidade.
Fonte: Página 8