Sede da Huawei em Shenzen, China | Foto: Reprodução

O governo dos Estados Unidos manda às favas o discurso da “livre concorrência” e anuncia o cancelamento das licenças de exportação que permitem às empresas norte-americanas enviar mercadorias, como chips, para a fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei Technologies.

“Essa é uma prática típica de coerção econômica que não apenas viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas também prejudica seriamente os interesses das empresas americanas”, afirmou o porta-voz o Ministério do Comércio da China em nota nesta quarta-feira (8).

A mudança ocorreu após o lançamento do laptop habilitado para Inteligência Artificial (IA) vir conquistando, por preço e qualidade, mercados cativos dos oligopólios estadunidenses. Da mesma forma, o fornecimento permitiu a ampliação das vendas de smartphones da Huawei, que aumentaram 64% nas primeiras seis semanas de 2024, de acordo com a empresa de pesquisas Counterpoint. O negócio de componentes para automóveis inteligentes também contribuiu para a alavancagem da Huawei.

Sem condições de concorrer de igual para igual, admitiu o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, “revogamos certas licenças de exportação para a Huawei”, recusando-se a especificar quais foram retiradas.

“Esta ação reforçará a segurança nacional dos EUA, protegerá a engenhosidade americana e diminuirá a capacidade da China comunista de avançar a sua tecnologia”, abriu o jogo da deslealdade conectada ao declínio a deputada republicana Elise Stefanik.

AMEAÇAS E INTIMIDAÇÕES DOS EUA

Ambas as manifestações ameaçam intimidar os fornecedores norte-americanos que fazem negócios com a empresa e ocorrem após intensa pressão conjunta contra os representantes dos monopólios dos EUA contra a China no Congresso, que têm instado o governo Biden a tomar medidas mais duras para frustrar a Huawei.

De forma enfática, o comunicado chinês criticou as sanções sobre produtos para uso exclusivo de consumidores civis como “extensão exagerado do conceito de segurança nacional”, politização da economia e abuso do controle de exportações, além de descumprir o acordo de não dissociar as relações comerciais ou barrar o desenvolvimento do seu país.

A perseguição à Huawei em prol do “mercado” vem de há tempos. Em 2019, por exemplo, a chinesa foi colocada numa lista de restrições comerciais dos EUA, em meio a infundadas alegações de que pudesse espionar os americanos, e suas forças armadas. Ser adicionado à lista significa que os fornecedores da empresa terão que buscar uma licença especial e extremamente difícil de obter antes do envio.

Mesmo assim, os fornecedores da Huawei conseguiram driblar obstáculos e receberam licenças no valor de bilhões de dólares para vender produtos e tecnologia da Huawei, incluindo uma autorização particularmente controversa, emitida pela administração do ex-presidente Donald Trump, que permitiu à Intel enviar processadores centrais à Huawei para utilização nos seus laptops desde 2020.

Fonte: Papiro