Campos Neto, presidente do BC | Foto Geraldo Magela/Agência Senado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se reúne com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (2), para discutir as mais recentes “pressões inflacionárias”. A última invenção do chefe do BC é o “pleno emprego”. O encontro está agendado para ocorrer entre 14h e 15h no gabinete do Ministério da Fazenda, na capital paulista.

Depois que falharam os outros “motivos” fabricados pelo presidente do BC para seguir com juros altos, Campos Neto vai agora “alertar” o ministro da Fazenda para um novo “perigo”, o do “pleno emprego”. Ele alega que isto está pressionado a inflação. Quer manter as taxas de juros mais altas do mundo porque, segundo ele, o mercado de trabalho do Brasil está “aquecido”.

“Quando as empresas não conseguem contratar e têm que começar a subir o salário para o mesmo nível de produção, significa que você está iniciando um processo inflacionário”, disse Campos Neto, falseando os dados do IBGE e admitindo que seu objetivo central e verdadeiro é manter o país estagnado e com altos níveis de desemprego.

Além de deixar claro que seu plano é frear o crescimento e demitir pessoas, o presidente do BC mente ao inventar que estaria havendo um suposto “pleno emprego” que poderá, segundo ele, “trazer de volta a inflação”.

São, na verdade, duas mentiras. A primeira é que qualquer desenvolvimento é inflacionário. É evidente que isso é uma mentira para beneficiar o setor rentista da sociedade. O país cresceu, por exemplo, a 7,5% em 2010 e a inflação não incomodava. O rentismo inventa esses “dogmas inflacionários” porque precisa desviar os recursos da produção para a especulação.

Como disse Lula recentemente, o presidente do BC tem que parar de achar que investimentos são “gastos” e que provocam inflação. O presidente disse que tem que parar de pensar só em superávit primário.

E a segunda mentira de Campos Neto é de que estaria havendo uma situação de pleno emprego no país. Não é verdade. As análises apresentadas pelo presidente do Banco Central sobre o desemprego são uma farsa. O IBGE acaba de informar que a taxa de desemprego no Brasil subiu de 7,4% no trimestre terminado em dezembro para 7,9% no trimestre terminado em março. Este resultado aponta que 8,6 milhões de brasileiros ainda estão desempregados. Portanto, não há pleno emprego nenhum.

Além disso, os trabalhadores sem carteira assinada no setor privado são 13,4 milhões enquanto 20,7 milhões de pessoas estão na chamada subutilização da força de trabalho. Ao todo, são 38,9 milhões de brasileiros no país na informalidade do trabalho. Este falseamento da realidade por parte do BC, de que estaria havendo “pleno emprego”, não passa de mais um pretexto para segurar a queda dos juros nas vésperas de mais uma reunião do Copom (Conselho de Política Monetária) do Banco Central.

O Banco Central “independente” age desta forma porque seu objetivo central é garantir juros altos e os lucros dos banqueiros e o arrocho fiscal sobre a sociedade. Ele faz isso para garantir o régio pagamento dos R$ 740 bilhões anuais aos banqueiros.

Cada hora é inventado um pretexto para que os juros subam ou não caiam como deviam. Primeiro foi uma suposta “demanda aquecida”, que em nenhum momento se confirmou. A inflação tinha subido por conta dos lucros exacerbados do setor petroleiro e de alimentos. Depois ameaçaram com a elevação do juro americano. Também não colou. Vieram as guerras, o dólar. Cada hora é um motivo. Agora é a vez do falso “pleno emprego”. A taxa de juros tem que cair porque a economia e a produção estão sendo asfixiadas.

Fonte: Página 8