Avião da Boeing modelo 787 Dreamliner em galpão de montagem na Carolina do Sul | Foto: AFP

O órgão do governo dos Estados Unidos, encarregado de regular a aviação civil no país, a Administração Federal de Aviação dos EUA (US Federal Aviation Administration – FAA), anunciou o início da investigação contra a Boeing por omissão em inspeções de segurança e possíveis fraudes cometidas por funcionários nos registros dessas inspeções.

A FAA já estava investigando a Boeing depois que, em janeiro deste ano, a porta do avião 737 da empresa foi arrancada em pleno voo no trajeto da Alaska Airlines. Pouco depois, a FAA suspendeu o funcionamento de 171 jatos do modelo Boeing Max 9 para averiguação de segurança por risco de apresentarem defeitos semelhantes.

A fabricação do avião Dreamliner 787 também vem enfrentando uma série de dificuldades, por exemplo, na obtenção de componentes do avião fabricados na Rússia. Depois de sanções impostas pelos EUA por causa da guerra na Ucrânia levarem à retaliação por parte de Moscou.

Eles também vêm sofrendo pressão do senado dos EUA com denúncias de que a empresa estaria usando métodos fora da norma na fabricação de seus aviões. Que a Boeing teria tornado como “política da empresa” pular inspeções de segurança como forma de apressar a produção.

Dessa vez, própria empresa relatou problemas de má conduta na fabricação do Dreamliner 787 em uma de suas fábricas na Carolina do Sul.

“A empresa nos informou voluntariamente em abril que pode não ter completado inspeções requeridas para confirmar ligação adequada nos pontos onde as asas se unem à fuselagem em certos aviões Dreamliner 787”, comunicou a FAA

“A Boeing está reinspecionando todos os aviões 787 ainda no sistema de produção e deve também criar um plano para abordar a frota em serviço”, completou.

Quando um operário comunicou à gerência irregularidades nos testes das asas dos aviões 787, a Boeing ordenou novas inspeções nos aviões.

“Depois de receber o relatório, nós revisamos rapidamente o assunto e constatamos que várias pessoas estavam violando as políticas da empresa ao não realizar o teste requerido, mas registrando o trabalho como completo”, disse Scott Stocker, chefe do programa do 787.

Em um espaço de dois dias, nesta mesma semana, três aviões da Boeing apresentaram defeitos durante vôo e tiveram que realizar pousos de emergência. Na Turquia, um dos pneus durante o pouso estourou, 190 pessoas tiveram que ser evacuadas do avião Boeing 737-800. Na quarta-feira, outro avião, no aeroporto de Istambul, de modelo Boeing 767 da FedEx, fez outro pouso forçado por problemas de funcionamento. No Senegal, um Boeing 737-300, pegou fogo, 78 passageiros foram evacuados às pressas.

Essas recentes panes em aviões, longe de ocorrências repentinas, acontecem como continuação de uma sequência de graves problemas apresentados por suas aeronaves, seja por falhas em inspeções, erros de projeto, ou recusa a ofertar treinamento novo a pilotos de novas aeronaves.

No exemplo mais escandaloso, já em janeiro de 2020, o modelo 737 Max acabou sendo proibido de voar no mundo inteiro, depois que duas aeronaves em cinco meses mergulharam de nariz minutos após a decolagem, apesar dos esforços desesperados dos pilotos, matando todos a bordo, 346 passageiros e tripulantes, evidenciando erro de projeto.

Estas trágicas ocorrências aconteceram após ondas de demissões de operários e engenheiros com a empresa buscando maximizar seus lucros, mas acabando colhendo perdas em ações nas bolsas.

Fonte: Papiro