Estudante da Universidade do Arizona questiona envio de armas dos EUA a Israel durante o massacre | Foto extraída de vídeo

Vídeo que viralizou nas redes sociais mostra um estudante da Universidade Estadual do Arizona interrompendo uma atividade encabeçada pela ex-presidente da Câmara dos deputados, Nancy Pelosi, para denunciar o genocídio em curso em Gaza, perpetrado por Israel, com armas, dinheiro e proteção diplomática fornecidos pela Casa Branca.

“Nancy Pelosi, você é cúmplice de genocídio”, ele afirma à veterana deputada. “O sangue de 15.000 crianças palestinas está em suas mãos”, ele acrescenta.

“Como você pode ser uma democrata e dizer tem valores democráticos quando 100.000 civis palestinos inocentes foram massacrados por bombas pelas quais você pagou?”, ele interpela a veterana parlamentar e fiel escudeira do presidente Joe Biden.

Ele convoca a não votar em Pelosi e em ‘Genocide Joe’ – como o octogenário presidente é chamado nos protestos – e “suas políticas de massacre”. “A Palestina está sendo morta; o sangue deles está em suas mãos”.

Pelosi tenta reduzir o estrago, ensaiando dizer “Joe Biden tem sido o mais forte advogado …”.

O estudante não se intimida: “você é cúmplice de genocídio” – enquanto a plateia se dirige a Pelosi com gritos de “tenha vergonha, tenha vergonha”.

Atitudes como essa têm se multiplicado nos Estados Unidos inteiro. Na terça-feira (9), depoimento do chefe do Pentágono no Senado norte-americano foi interrompido por manifestantes que exigiam cessar-fogo já em Gaza e fim do envio de armas a Israel, e que denunciavam o genocídio em curso no enclave palestino. 50 manifestantes foram presos.

Questionado por um senador sobre a acusação de genocídio feita pelos manifestantes, o lobista e general de pijama Lloyd Austin III asseverou que “não há evidência de genocídio” – mas, à guisa de álibi, acrescentou: “ao que eu saiba”.

Isso, apesar de ser o primeiro genocídio na história da humanidade transmitido ao vivo e com pelo menos 21.000 crianças e mulheres mortas pelas bombas fornecidas pelos EUA – e com a assinatura dele.

Para a fundadora e apresentadora do programa Democracy Now, de Amy Goodman, estão ocorrendo deslocamentos importantes no cenário político dos EUA, em meio à indagação geral de para onde vão tender os seis estados pêndulo, que definem a eleição nos EUA, que na verdade é no colégio eleitoral de 50 estados.

A senadora Elisabeth Warren de Massachusetts dizendo que acredita que o ataque de Israel a Gaza “atende à definição legal” de genocídio, ela cita. “Você tem Christopher Coons, que eu considero um sussurro de Biden, que agora está falando em interromper a venda de armas para Israel”.

Em entrevista a Goodman, o professor universitário Kenneth Roth, ex-diretor executivo da Human Rights Watch, chamou de “palavras vazias” a condenação do governo Biden ao recente ataque ao comboio de ajuda humanitária.

Biden “nunca as apoia com consequências”, ele acrescentou. Ele não se mostra disposto “a condicionar explicitamente essa ajuda, essas vendas de armas, ao fim dos bombardeios e da fome de civis palestinos”.

“Então, em essência, Biden não está usando essa enorme alavancagem, apesar dos apelos de um número crescente de legisladores em Washington, apesar das pesquisas de opinião dos EUA que mudam rapidamente dizendo que os americanos estão cansados de os EUA apoiarem ativamente esses crimes de guerra, esse genocídio plausível em Gaza.”

Para Roth, Biden calcula que os progressistas não têm para onde ir. Eles não vão votar em Trump, e a abstenção é efetivamente um voto em Trump, então quando a pressão chegar em novembro, eles terão que torcer o nariz e votar em Biden. E parece ser isso que o está empurrando nesta fase.

Ainda segundo ele, Biden tenta sustentar aquela ficção da década de 1960, quando Israel era mostrado como o David cercado pelo Goliah árabes. “Ele não pensa em Israel hoje, a superpotência regional, um Estado com armas nucleares, um Estado que ocupa o território palestino há décadas e está impondo o apartheid. Sabe, isso não está na cabeça dele”.

Fonte: Papiro