Trabalhadores argentinos repudiam submissão de Milei à política de guerra da Otan
Suposta parceria“ implicaria em subordinar os interesses nacionais às agendas externas e abandonar o melhor da nossa tradição em política externa, que tem contribuído para a formação de laços de cooperação e fraternidade entre as nações”, enfatizou a Central de Trabalhadores da Argentina – Autônoma (CTAA)
A Central de Trabalhadores da Argentina Autônoma (CTAA) expressou na quinta-feira (18) a sua “mais enérgica rejeição à intenção do governo de Javier Milei de aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) como ‘parceiro global’, submetendo o país às doutrinas belicosas dos Estados Unidos, de Israel e da União Europeia”.
Um pedido de capitulação tão disparatado como o feito em Bruxelas pelo ministro da Defesa da Argentina, Luis Petri, ao secretário adjunto da Otan, Mircea Geoana, assinalou a central sindical, “contradiz os esforços de anos de diplomacia argentina que contribuíram, entre outras coisas, para que o espaço sul-americano fosse declarado Zona de Paz”.
“Isto implica subordinar os interesses nacionais às agendas externas e abandonar o melhor da nossa tradição em política externa, através da qual o nosso país tem contribuído para a formação de laços de cooperação e fraternidade entre as nações, tendo a paz como objetivo”, enfatizou.
De forma escandalosa, condenou o comunicado da CTAA, o pedido de parceria “constitui uma afronta à Causa das Malvinas, uma bofetada na cara dos 649 mortos na guerra contra a Grã-Bretanha, para os mais de 1.000 feridos e os 350 ex-combatentes que cometeram suicídio após o conflito”. “O povo e a classe trabalhadora nunca esquecerão os heróis que defenderam a soberania nacional”, frisou a entidade, denunciando ainda que, “desde 1985, opera nas Malvinas uma base de operações militares nucleares da Otan”.
“A general do Comando Sul dos EUA já explicou os seus desejos em relação aos nossos recursos naturais, como o lítio, a água potável e os recursos nucleares”
“A política externa de Milei, submissa e obediente às ordens dos EUA”, apontou a Central, constitui um insulto que os argentinos repudiam, “bem como o tratamento condescendente e entreguista que o presidente teve com a general do Comando Sul dos Estados Unidos, Laura Richardson, que já explicou as suas ambições em relação aos nossos recursos naturais, como o lítio, a água potável e os recursos nucleares”.
Após bater continência e cantar a plenos pulmões o hino estadunidense durante o oferecimento da base militar ao país do norte em plena Patagônia, o governo de Milei decidiu “oficializar” o pedido de ingresso. Tendo a seu lado a bandeira da Argentina, o documento de capitulação foi entregue na sede da “aliança militar”, sendo recebido pelo seu número dois, que ficou para bater as fotos e fazer constrangedores afagos.
Da parte de Petri foram divulgadas como tremendos “avanços”, na rede social X (ex-Twitter), de Elon Musk, qualquer eventual compromisso e promessa sobre “modernização e capacitação das Forças Armadas” argentinas. Tudo sucatão, armamento reconhecidamente de segunda linha e que não consiga reposição, em caso de confronto com o bloco, como o país vivenciou ao se confrontar com a Inglaterra pelas Ilhas Malvinas.
Anteriormente, com farda camuflada, o indivíduo que transformou a Casa Rosada em circo fez uma viagem de seis horas à Ushuaia, na Terra do Fogo, para mostrar devoção ao império, homenageado na figura da comandante do Comando Sul dos EUA. Na oportunidade, sem constrangimento, Milei mostrou afinco e afinamento com o país do Norte, “que defende a causa da liberdade”. E foi além, disse que “o melhor recurso para defender a nossa soberania e para enfrentar com sucesso nossos problemas é precisamente fortalecer a nossa aliança estratégica com os Estados Unidos”.
A decisão pró-Otan veio acompanhada do elogio do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao desumano ajuste fiscal promovido por Milei. E o FMI quer mais, explicitam os jornais: “a redução do gasto público é essencial, especialmente nas áreas onde aumentou muito rapidamente nos últimos anos, particularmente os salários, as aposentadorias e transferências sociais”.
Além disso a “nova” política internacional de Milei fez com que recusasse fazer parte do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – as cinco maiores economias emergentes do mundo), após a oficialização do convite para a inclusão de seis novos membros, incluindo a Argentina, anunciada no ano passado. Eleito presidente da Argentina, Milei enviou uma carta aos chefes de Estado do Brics comunicando a recusa.
Fonte: Papiro