Foto: CBTU

Privatizado em dezembro de 2022, o Metrô de Belo Horizonte passa por um severo processo de desmonte. Segundo o Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (SindiMetro), no último ano, cerca de 50% dos empregados foram demitidos por meio de Programa de Demissão Voluntária (PDV) e, a na última quinta-feira (4), a concessionária MetrôBH iniciou nova leva de demissões. A entidade informa que está previsto o desligamento de mais 230 funcionários sem justa causa.

O Metrô de Belo Horizonte foi privatizado após conluio de Bolsonaro com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Antes administrado pela federal CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), o Metrô foi repassado ao estado de Minas e posteriormente vendido ao consórcio vencedor do leilão, o grupo Comporte. O processo foi finalizado em 24 de março de 2023, em meio a protestos e greves de metroviários da antiga estatal.

O sindicato denuncia que os desligamentos estão sendo feitos “sem nenhuma programação pela empresa, por isso os locais de trabalho estão esvaziados com uma enorme sobrecarga sobre aqueles que ficaram. Uma situação absurda em todos os setores, mas imaginem na manutenção?”, questiona a entidade, já prevendo o que normalmente acontece nesses casos: perdas não apenas para os trabalhadores mas também para a população.    

Diante da situação, o sindicato fez uma denúncia à Delegacia Regional do Trabalho e Emprego (DRTE), alertando sobre os riscos de acidentes, atrasos e sobre as condições e relações de trabalho que se estabeleceram após a privatização, sobretudo depois do PDV. “Uma situação que está deixando os trabalhadores sob uma enorme pressão e sobrecarga de trabalho que pode levar a situações mais graves de acidentes com os trabalhadores e os passageiros”, diz o Sindimetro.

O sindicato afirma que se reuniu com a concessionária antes do início dos planos de demissão, mas que o MetrôBH não estabeleceu diálogo para negociação. De acordo com o sindicato, a ação da concessionária é “desleal e irresponsável”.

Sobre a adesão ao PDV, o Sindimetro argumenta que “muitos trabalhadores e trabalhadoras ingressaram neste PDV por não verem mais perspectivas de negociação nesta empresa privatizada pelo governo federal. Cerca de 600 saíram, contando com as demissões. As condutas da empresa, como pressão interna, assédio moral, alterações de jornada e escala de trabalho, demissões por justa causa e sobrecarga de trabalho contribuíram decisivamente para a decisão dos trabalhadores”, afirma a entidade.

Fonte: Página 8