Rússia, China e Índia crescerão mais do que os países desenvolvidos, diz FMI
Para fazer face às sanções internacionais, a Rússia tem se afastado dos fornecedores e fontes ocidentais e voltou-se para os setores nacionais, que crescem como resultado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou projeções otimistas para o crescimento econômico global nos próximos anos, com uma taxa de crescimento estimada em 3,2% tanto para 2024 quanto para 2025. Essa previsão mantém-se consistente com o desempenho observado em 2023. O Brasil, por sua vez, é esperado para crescer a uma taxa de 2,2% em 2024 e 2,1% em 2025, segundo o informe Perspectivas da Economia Mundial, divulgado nesta terça-feira (16) pela entidade.
A desaceleração das economias emergentes e em desenvolvimento, passando de 4,3% em 2023 para 4,2% em 2024 e 2025, é apontada como um fator contribuinte para o resultado global, juntamente com a “ligeira aceleração” das economias avançadas, prevendo-se um crescimento de 1,6% em 2023 para 1,7% em 2024 e 1,8% em 2025.
Destacam-se as projeções de crescimento para países como Índia e China. A Índia deve crescer a uma taxa de 6,8% em 2024 e 6,5% em 2025, enquanto a China está projetada para um crescimento econômico de 4,6% este ano e 4,1% em 2025. A Rússia, por sua vez, deverá crescer 3,2% em 2024 e 1,8% em 2025.
Para os Estados Unidos, as projeções indicam um crescimento de 2,7% em 2024 e 1,9% em 2025, enquanto a Zona do Euro prevê um crescimento econômico de 0,8% em 2024 e de 1,5% em 2025.
O FMI, uma organização internacional composta por 190 países membros, fornece análises econômicas usadas por empresas para orientar investimentos e por bancos centrais para decisões sobre taxas de juros. Suas projeções têm historicamente se mostrado precisas, ficando dentro de uma margem de aproximadamente 1,5 ponto percentual do que realmente ocorre.
No que diz respeito à inflação mundial, o FMI prevê uma queda constante, passando de 6,8% em 2023 para 5,9% em 2024 e 4,5% em 2025. O relatório detalha que, embora a inflação tenha diminuído de seu pico em 2022, a atividade econômica tem crescido constantemente, apesar dos desafios relacionados à estagnação com inflação e recessão mundial.
Os motivos apontados para o crescimento lento incluem os efeitos contínuos da pandemia, a guerra na Ucrânia, o baixo crescimento da produção e a divisão geoeconômica. No entanto, o crescimento do emprego e dos rendimentos permanece estável, impulsionado por um aumento no gasto público, maiores consumos locais do que o previsto e uma expansão da oferta.
Apesar das perspectivas equilibradas, o FMI alerta para os riscos de uma nova escalada de preços devido a tensões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia e o conflito em Gaza e Israel. Essa situação, combinada com a persistência da inflação em países com fuga de mão de obra, pode levar a aumentos nas expectativas de taxas de juros e redução nos preços de ativos, conforme avaliado pela entidade.
A Rússia, a guerra e as sanções
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou projeções para a economia russa que superam significativamente as expectativas para países desenvolvidos como o Reino Unido, França e Alemanha. Prevê-se um crescimento de apenas 0,5% para o Reino Unido em 2024, tornando-o o segundo país com pior desempenho do G7, atrás da Alemanha.
De acordo com o FMI, as exportações de petróleo da Rússia mantiveram-se estáveis, e os gastos públicos permaneceram elevados, contribuindo para esse crescimento robusto.
Apesar das sanções impostas ao Kremlin devido à invasão da Ucrânia, o FMI atualizou suas previsões para a economia russa em 2024, elevando a projeção de crescimento para 1,8% em 2025. Essa revisão reflete os investimentos robustos de empresas privadas e estatais, juntamente com o consumo privado sólido, impulsionado pelas exportações de petróleo.
A Rússia, como um dos principais exportadores de petróleo do mundo, desempenha um papel significativo no mercado global de energia. Em fevereiro, a BBC revelou que milhões de barris de combustível produzidos a partir de petróleo russo continuavam sendo importados para o Reino Unido, apesar das sanções em vigor.
Os economistas do FMI alertaram sobre os riscos representados pelo conflito no Oriente Médio, incluindo a Palestina, que poderiam levar a aumentos nos preços dos alimentos e da energia em todo o mundo. Além disso, os contínuos ataques a navios no Mar Vermelho e a guerra em curso na Ucrânia são fatores adicionais que podem afetar a economia global, particularmente os países de baixa renda.
Em meio a essas incertezas geopolíticas, o FMI destaca a importância de monitorar de perto os desenvolvimentos e adotar medidas para mitigar os potenciais impactos adversos na economia mundial.
(por Cezar Xavier)