Professores iniciam greve nas universidades federais contra proposta do governo
Docentes federais das universidades, centros de educação tecnológica e institutos federais entraram em greve nesta segunda-feira (15). O movimento, que se soma aos técnicos administrativos, parados desde 11 de março, ocorre após o governo manter o reajuste zero durante reunião de negociação com os servidores públicos, realizada no último dia 10.
“As reivindicações tocam vários pontos, o principal é a precarização do trabalho docente. A gente tem tido perdas salariais muito intensas nos últimos anos, somando na casa dos 27%, e o apontamento do governo federal é de zero reajuste salarial para este ano”, afirma o professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), durante protesto na manhã desta segunda-feira.
Em Minas Gerais, a greve também paralisa a UFMG, com docentes denunciando, além do arrocho salarial, a fata de verbas para as instituições. “A universidade pública é responsável por mais de 90% da pesquisa desse país. Sem recursos, a pesquisa não pode avançar. Temos também outras pautas. A gente não tem data-base (data anual de reajuste do salário), o que é problemático, pois faz com que todo ano a gente tenha que implorar para o Governo se sentar na mesa de negociação”, declara a presidente do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh) Apubh, Maria Rosária Barbato.
“Nos últimos anos, as universidades perderam muito. Chegamos a um ponto em que tivemos universidades que informaram que iam fechar devido à falta de recursos. Agora está um pouco melhor, mas ainda não está no nível necessário”, afirma ressaltando que a reitoria da UFMG apontou, para este ano, um orçamento de R$ 230 milhões, insuficiente para custear os projetos e pesquisas em andamento.
César Bergo, professor da Universidade Federal de Brasília (UnB), também em greve a partir de hoje (15), afirma que os servidores da categoria de educação não tiveram aumento algum nos últimos anos. “Trata-se de um pedido justo, porque há bastante tempo não tem qualquer tipo de reajuste. Considerando a inflação desse período, há uma perda significativa de poder aquisitivo, que é realmente sentido por essas classes de trabalhadores”, disse em entrevista ao Correio Braziliense.
A Reitoria da universidade também se manifestou afirmando que “a UnB reitera seu compromisso com a educação pública de qualidade e tem a expectativa de que as negociações entre o governo federal e as categorias em greve sejam bem-sucedidas, no menor tempo possível”, informou a universidade.
No Ceará, os docentes das universidades instalaram na manhã de hoje o comando de greve nas três universidades federais do estado (UFC, UFCA e UNILAB), em reunião na reitoria da Universidade Federal do Ceará.
De acordo com o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC-Sindicato), “a paralisação acompanha a mobilização nacional docente, que já conta com a adesão de quase 20 instituições federais de ensino superior. O momento foi marcado pela unidade na luta dos três setores – docentes, técnicos administrativos e estudantes – em defesa de uma universidade pública fortalecida e valorizada. Também foram definidas atividades da greve e a criação dos comitês de Educação, Comunicação e Ética. A primeira reunião do comando de greve ocorrerá amanhã (16), às 9h30, na sede da ADUFC em Fortaleza.
“Desde julho do ano passado, quando foi instalada a Mesa Nacional de Negociação Permanente com o governo federal, servidores públicos federais aguardam uma posição sobre o reajuste salarial para 2024. O índice reivindicado por docentes federais, já em contraproposta, é de 22,71%, dividido em 3 parcelas de aproximadamente 7% em 2024, 2025 e 2026. O governo federal, por sua vez, mantém a proposta apresentada no fim do ano passado de 0% em 2024 e 9%, dividido em duas parcelas de 4,5%, com a primeira paga apenas em maio de 2025 e a outra metade em 2026, gerando revolta nas categorias”, afirma a entidade.
Fonte: Página 8