Foto: Rodrigo Felix Leal/AEN-PR

A produção industrial brasileira recuou 0,3% em fevereiro ante janeiro de 2024, mês que também marcou queda de -1,6%, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos dois primeiros meses de 2024, a indústria acumula retração de -1,8%. O setor também marcou um recuo de -0,1% no trimestre encerrado em fevereiro.

De acordo com IBGE, a indústria está 1,1% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 17,7% abaixo do nível recorde da série histórica da pesquisa, alcançado em maio de 2011.

A indústria segue atingindo marcas negativas ante a sinalização recente do Banco Central, de reduzir ainda mais os cortes na taxa básica Selic, hoje em 10,75% ao ano – um nível, que diante ao cenário atual de inflação baixa, garante o Brasil na segunda colocação entre os países que pagam as maiores taxas de juros reais do mundo, atrás apenas do México.

Como assinala a Confederação Nacional da Indústria, “a taxa de juros real se reflete no mercado de crédito, com aumento no nível de inadimplência e redução nas concessões. A inadimplência da carteira de crédito com recursos livres às empresas, que era 2,2% em janeiro de 2023, subiu para 3,4% em janeiro de 2024. Além disso, as concessões de crédito com recursos livres às empresas recuaram 5,5%, em termos reais, no acumulado dos últimos 12 meses até janeiro de 2024 em relação ao acumulado dos 12 meses imediatamente anteriores”.

Conforme declarou o presidente da entidade, Ricardo Alban, ao condenar a redução a conta-gotas das taxas de juros, “as condições adversas no mercado de crédito limitam o consumo e afastam o investimento, punindo a atividade econômica do país. Não à toa, o PIB ficou estagnado nos dois últimos trimestres de 2023, e o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), elemento essencial para o crescimento econômico sustentável, recuou 3% na comparação de 2023 com 2022”.

Por categorias econômicas, a produção de bens intermediários recuou -1,2% em fevereiro frente ao mês anterior, interrompendo quatro meses consecutivos de crescimento, período em que a categoria industrial acumulou um avanço de 2,9%.

Bens de consumo semi e não duráveis mostraram variação nula (0,0%) no período, após ter apontado um recuo de -0,1% em janeiro de 2024 e 0,0% em dezembro de 2023. Já os resultados positivos ficaram para as produções de bens de capital (3,5%) e de bens de consumo duráveis (3,8%).

No mês, também houve quedas nas produções de 10 dos 25 ramos industriais pesquisados. Entre os destaques, estão: produtos químicos (-3,5%), indústrias extrativas (-0,9%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,0%).

No campo positivo, destacam-se avanços nas produções de veículos automotores, reboques e carrocerias (6,5%), celulose, papel e produtos de papel (5,8%), produtos de minerais não metálicos (4,5%), de produtos de borracha e de material plástico (3,0%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,2%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,4%). 

Em comparação com fevereiro de 2023, a indústria apresentou uma alta de 5,0% em sua produção, com resultados positivos em todas as categorias econômicas. As principais influências para o resultado geral do setor vieram de produtos alimentícios (8,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (7,5%), indústrias extrativas (5,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (9,8%).

Também foram observados avanços nas fabricações de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (18,1%), de celulose, papel e produtos de papel (7,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (11,0%), de produtos de madeira (16,0%), de produtos de minerais não metálicos (5,8%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (9,3%) e de outros equipamentos de transporte (9,6%).

Por outra via, cinco atividades apresentaram reduções em suas produções, com destaque para a fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-17,5%), exercendo a maior influência na formação da média da indústria. Outro impacto importante veio do setor de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-8,3%).

Fonte: Página 8