Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto no âmbito da investigação da invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

A invasão ao órgão de controle externo do Poder Judiciário rendeu aos envolvidos a acusação de 10 crimes pela PGR, e a parlamentar, ainda é suspeita de ser a mandante das ações criminosas. São essas:

• 7 crimes do artigo 154-A e par. 2 do CPP (invasão de dispositivo informático); e

• 3 crimes do artigo 299 do CPP (falsidade ideológica), por terem inserido documentos ideologicamente falsos no sistema informático do CNJ.

Delgatti Neto disse à PF (Polícia Federal) que a parlamentar o teria contratado para fraudar as urnas eletrônicas e inserir mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no sistema do CNJ.

Ele teria recebido R$ 13 mil pagos por assessores de Carla Zambelli. Ela, no entanto, alegou que o dinheiro repassado se refere a serviços para o site dela.

Oferecida a denúncia, os autos serão conclusos ao juiz para análise. Nessa fase, o magistrado pode receber, rejeitar, ou até mesmo determinar diligências.

Em fevereiro eles foram indiciados pela PF. Segundo o relatório, Delgatti Neto foi “instigado pela parlamentar para acessar o sistema do CNJ, com o intuito de causar prejuízo à imagem do Judiciário e de um ministro do STF […]”, “tanto que [Zambelli] recebeu os documentos comprovando as invasões ao sistema e as inserções de documentos falsos.”

“A conduta da mesma é incompatível com a atividade parlamentar, pois colocou em risco um Poder da República, o Judiciário, assim como a imagem do Poder Legislativo”, concluiu a corporação.

Os investigadores também afirmaram terem encontrado documentos falsos inseridos por Delgatti Neto nos sistemas do Judiciário no celular de Zambelli.

Ela teria baixado os itens. A PF achou recibo de bloqueio de bens de Moraes, no valor de R$ 22,9 milhões, e a minuta do mandado de prisão contra o magistrado, criada no computador do hacker, em 4 de janeiro, às 17h12, e no celular da deputada na mesma data.

Com a denúncia da PGR, o caso vai para as mãos do STF. O relator dessa investigação na Corte é o ministro Alexandre de Moraes.

A assessoria da deputada Carla Zambelli afirmou que a parlamentar vai se manifestar por meio de advogado. A defesa de Delgatti Neto não foi localizada.

Walter Delgatti Neto ficou conhecido por hackear trocas de mensagens do ex-juiz da Operação Lava Jato Sergio Moro, hoje senador pelo União Brasil do Paraná, e do ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol (PR).

Ele afirmou aos investigadores que Carla Zambelli pediu para que ele invadisse as urnas eletrônicas, além da conta de e-mail e do celular do ministro Alexandre de Moraes.

O hacker também informou à PF que se encontrou com o ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL), em agosto de 2022, por intermediação da deputada federal. Ele relatou que o ex-chefe do Executivo questionou se era possível invadir o sistema de votação do TSE.

Fonte: Página 8