Apoio a Julian Assange na entrada do Tribunal em Londres | Foto: AFP

Nesta quinta-feira (11), o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, completou cinco anos de encarceramento no presídio de Belmarsh, em Londres, há cinco anos, em um virtual sequestro no esforço para extraditá-lo para os EUA. “Sua detenção é uma zombaria às obrigações dos EUA sob o direito internacional”, assinalou a Anistia Internacional.

O marco sombrio foi registrado por ativistas da liberdade de imprensa, organizações de direitos humanos e a esposa de Assange, Stella, que denunciou que “sua saúde está se deteriorando… ele está correndo o risco de extradição iminente realmente, porque está a apenas um passo da extradição”.

Por ter exposto os crimes de guerra cometidos pelos EUA, em violação da Carta da ONU e da lei internacional, na ocupação do Iraque e do Afeganistão, o jornalista foi perseguido e submetido a uma operação de assassinato de reputação que um Relator da ONU considerou equivalente à tortura; teve de se asilar na embaixada do Equador até ser entregue à polícia inglesa pelo novo governo de Quito; e desde então tem sido mantido sob regime de solitária, sob o pedido de extradição dos EUA, que o quer condenado a 175 anos.

Assange “continua detido arbitrariamente no Reino Unido sob acusações de motivação política, apresentadas pelos EUA por expor suas suspeitas de irregularidades”, disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnes Callamard, em um comunicado na quinta-feira.

“As autoridades dos EUA falharam em conduzir uma investigação completa e transparente sobre seus supostos crimes de guerra. Em vez disso, eles escolheram atacar Assange por publicar informações vazadas para ele – mesmo que fossem de interesse público. A perseguição contínua a Assange ridiculariza as obrigações dos EUA sob o direito internacional e seu compromisso declarado com a liberdade de expressão.”

Já com a saúde debilitada após sete anos asilado em condição precária na embaixada equatoriana, o estado de saúde de Assange se deteriorou ainda mais durante sua prisão em Belmarsh.

O ex-relator especial da ONU para a tortura Nilz Melzer descreveu Assange como apresentando “todos os sintomas típicos de exposição prolongada à tortura psicológica”, enquanto o fundador do WikiLeaks estava doente demais para comparecer às suas audiências de extradição mais recentes.

No mês passado, a Suprema Corte britânica decidiu que Assange não pode ser extraditado até que os EUA garantam que ele não será submetido à pena de morte se for considerado culpado por um tribunal americano. O tribunal britânico disse que decidirá se concederá a Assange um recurso final contra sua extradição assim que essas garantias forem dadas.

No entanto, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse a repórteres na quarta-feira que está “considerando” um pedido do primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, para abandonar o caso contra Assange.

O comentário de Biden – que veio após relatos de que o Departamento de Justiça estava considerando fechar um acordo de delação premiada com o ex-chefe do WikiLeaks – foi descrito por Stella Assange como “um bom sinal”.

“Já passou da hora” de Assange ser libertado, disse o presidente da Federação Internacional de Jornalistas, Dominique Pradalie, em um comunicado. “Se Julian Assange for preso nos EUA, não há um jornalista na Terra que esteja seguro.”

Fonte: Papiro