PIB da China cresce 5,3% no 1º trimestre e supera expectativas
Superando as expectativas, o PIB da China cresceu 5,3% ano sobre ano no primeiro trimestre de 2024, estabelecendo uma base sólida para atingir as metas anuais de desenvolvimento e desmoralizando as crendices sobre a “teoria do pico da China”, a “teoria do risco da China” e a “teoria do colapso da China”, que têm frequentado regularmente a mídia ocidental, registrou o Global Times.
A meta de crescimento para o ano de 2024, estabelecida pelo governo chinês, está em torno dos 5%.
Nos primeiros três meses do ano, o PIB total da China atingiu 29,63 trilhões de yuans (US$ 4,09 trilhões), alta de 5,3% na comparação anual, ou 1,6 ponto percentual acima do quarto trimestre de 2023, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) nesta terça-feira (16).
Essa taxa de crescimento do PIB foi sustentada por um crescimento sólido nas exportações e um crescimento robusto na produção industrial de alta tecnologia.
O que sustenta que o governo chinês está acelerando o desenvolvimento de novas forças produtivas de qualidade para construir novos motores de crescimento, como aprovado nas Duas Sessões Legislativas do início do ano, assinalou ao GT o economista e professor da Escola Cinturão e Rota da Universidade Normal de Pequim, Wan Zhe.
Além do sólido crescimento industrial, o investimento em ativos fixos atingiu 10 trilhões de yuans entre janeiro e março, alta de 4,5% na comparação anual e 1,5 ponto percentual acima do registrado em 2023, de acordo com o NBS. As vendas totais no varejo de bens de consumo atingiram 12,03 trilhões de yuans, alta de 4,7% ano a ano.
As importações e exportações totais da China se expandiram para atingir 10,17 trilhões de yuans no primeiro trimestre de 2024, de acordo com dados divulgados pela Administração Geral de Alfândegas na sexta-feira. O crescimento, de 5% na comparação anual, foi o ritmo mais rápido em seis trimestres.
A taxa de desemprego foi de 5,2% em março, uma queda de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior, mostraram os dados oficiais.
“A economia nacional continuou a se recuperar, iniciando um bom começo”, disse Sheng Laiyun, vice-diretor do NBS, em entrevista coletiva em Pequim. Ao longo do período, as políticas continuaram a surtir efeitos, a produção e a procura mantiveram-se estáveis e testemunharam um aumento, o emprego e os preços mantiveram-se geralmente estáveis, a confiança do mercado continuou a fortalecer-se e o desenvolvimento de alta qualidade fez novos progressos, ele apontou.
Levantamento feito pela Reuters, junto a um grupo qualificado de economistas, previra 4,6% de crescimento do PIB no período.
Como destacou Cao Heping, economista da Universidade de Pequim, “a China, com seu enorme mercado de 1,4 bilhão de consumidores e uma classe média forte de 400 milhões e as mais amplas matrizes de indústrias, será a âncora indiscutível de estabilidade para a economia global em meio à situação complexa atual”.
PORTA-VOZ DESTACA “RESILIÊNCIA”
Esse resultado também foi comentado pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, nesta terça-feira, em resposta ao recente frenesi da mídia ocidental sobre o crescimento da China estar prestes a atingir o pico, ou coisa pior.
“A economia chinesa é saudável e sustentável, ostentando forte resiliência. A economia do país não entrou em colapso como previsto muitas vezes antes pelos teóricos do ‘colapso da China’ no Ocidente, nem atingirá o pico como previsto pelos teóricos dos ‘picos da China’”, ela aponjtou.
“Os fatos falam mais alto do que as palavras”, disse Mao, acrescentando que os fundamentos da recuperação econômica da China permanecem fortes e sua perspectiva positiva de longo prazo não mudará.
Ela lembrou que no ano passado a economia da China alcançou uma taxa de crescimento de 5,2%, superior à taxa de crescimento global estimada de cerca de 3%, e confirmando a condição de segunda maior economia em termos nominais em dólares, ou de primeira, de acordo com a paridade de poder de compra. A China também tem contribuído com cerca de 30% do crescimento global.
Mao assinalou que a China continuou a desfrutar das vantagens de um enorme mercado e um sistema industrial muito completo, enquanto fatores favoráveis também estão convergindo para facilitar o desenvolvimento de alta qualidade da economia em 2024 e além.
VISITA DE SCHOLZ
O anúncio do PIB do primeiro trimestre coincidiu com a visita à China do primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz. A Alemanha tem sido o maior parceiro comercial da China na Europa por 49 anos consecutivos, enquanto a China tem sido o maior parceiro comercial global da Alemanha por oito anos consecutivos. Scholz viajou acompanhado por uma fornida comitiva empresarial. Como registrou um portal alemão, para empresas como Siemens e Volkswagen o país é hoje um pilar de seus negócios globais. A China responde por cerca de 50% das vendas globais de carros da VW.
A viagem ocorre tendo como pano de fundo a crise econômica na Alemanha e as ameaças de desindustrialização sob o mais caro GNL norte-americano, em meio às acusações da União Europeia de “subsídios” chineses a veículos elétricos e turbinas eólicas e às conclamações a “‘desarriscar’” de Pequim, mais a histeria de Washington sobre o suposto “excesso de capacidade” de produção da China, manifestada em recente visita da secretária do Tesouro, Janet Yellen.
O presidente chinês Xi Jinping, em sua reunião desta terça-feira com Scholz, observou que as cadeias industriais e de suprimentos da China e da Alemanha estão profundamente interligadas e os mercados dos dois países são altamente interdependentes, conforme a agência Xinhua.
A cooperação mutuamente benéfica entre China e Alemanha não é um “risco”, mas uma garantia para a estabilidade das relações bilaterais e uma oportunidade para o futuro, disse Xi.
Os dois países têm um enorme potencial de cooperação ganha-ganha em campos tradicionais, como fabricação de máquinas e automóveis, e campos emergentes, incluindo transformação verde e inteligência artificial digital, observou Xi.
O presidente chinês acrescentou que as exportações chinesas de veículos elétricos, baterias de lítio e produtos fotovoltaicos não apenas enriqueceram a oferta global e aliviaram a pressão inflacionária global, mas também contribuem grandemente para a resposta global às mudanças climáticas e para uma transformação verde e de baixo carbono.
Xi também chamou a olhar para a questão da capacidade de produção “de forma objetiva e dialeticamente de uma perspectiva global e orientada para o mercado, aderir aos princípios econômicos e promover mais cooperação”, informou a Xinhua.
Para observadores chineses, depois de visitar fábricas chinesas, Scholz poderia vir a entender melhor que a competitividade da indústria chinesa de veículos elétricos não vem de “subsídios”, mas de investimento em infraestrutura, energia acessível e inovação tecnológica.
AS UVAS ESTÃO VERDES, RECLAMA A FITCH
Analistas apontaram ao Global Times que o preconceito ideológico encabeçado pelos EUA contra a China e uma mentalidade de soma zero não lograrão atrapalhar o desenvolvimento econômico da China nem abalarão a confiança na economia chinesa.
A China – eles disseram – aprofundará as reformas e abrirá suas portas para o mundo, mesmo quando alguns países do Ocidente estão tentando ‘desarriscar’ ou ‘desacoplar’ da China. O desenvolvimento de alta qualidade da China – sublinharam – injetará novo impulso no crescimento econômico global e fornecerá mais oportunidades para outros países.
O que não impediu a agência de classificação de risco americana Fitch de rebaixar a perspectiva de crédito soberano da China para negativa, alegando a dívida dos governo locais e a desaceleração do crescimento.
“O movimento da Fitch reflete que ela não entende a economia da China. É inapropriado medir a economia do maior país em desenvolvimento do mundo simplesmente com os padrões ocidentais”, disse Cong Yi, professor da Universidade de Finanças e Economia de Tianjin, enfatizando que os riscos financeiros e de dívida da China estão sob controle.
Por um lado, ele destacou, a escala econômica da China é enorme. Por outro lado, diferentemente dos governos ocidentais que operam principalmente com receitas fiscais, os governos central e locais chineses têm uma grande quantidade de ativos e recursos estatais.
Fonte: Papiro