Allan Kardec discursa no ato da Frente Parlamentar em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial | Foto: Youtube/TV Câmara dos Deputados

Deputados e senadores lançaram a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial do Brasil, na quarta-feira (17), no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Os 206 parlamentares que compõem a Frente defendem que a Petrobrás mantenha seus estudos na faixa costeira, entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte, com bacias sedimentares com grande potencial de petróleo e gás, que podem promover a melhoria da qualidade de vida da população no norte do país.

“O Brasil mais do que nunca tem que decidir se quer continuar sendo autossuficiente na exploração de petróleo e gás”, disse o presidente da Frente, deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil/MA), um dos idealizadores da iniciativa. “Chegou a hora da gente transformar ainda mais o Brasil, chegou a hora mais do que nunca de que o Congresso Nacional e o Executivo, o governo brasileiro, deem as mãos juntos para que a gente possa desenvolver essa região”, defendeu.

No evento, Allan Kardec Duailibe, professor titular da UFMA e ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), convidado a discursar, arrancou aplausos ao entrar gritando Viva o Brasil!. O professor destacou dois aspectos no atual cenário: a ciência e a pobreza.

Pioneiro em estudos da Margem Equatorial, Allan Kardec ressaltou que nos últimos 200 anos a demanda por energia mundial “nunca caiu” e que também no período “não ocorreu transição energética, mas sim diversificação energética”.

O professor afirma que o debate em torno do tema “é geopolítico”. “De um lado ele está no ambiental e, do outro, é o climático, basicamente carregado pela Europa, que não é autossuficiente em energia. Como que essa turma quer nos ditar o que nós vamos fazer”, questionou Allan Kardec, afirmando que o Brasil tem o direito de explorar as suas riquezas, para não retornar à época grave dos tempos de dependência.

“Quem tirou o Brasil do FMI foi a Petrobrás. O que querem fazer de novo é condenar o povo brasileiro”, denunciou, citando o segundo aspecto, “a pobreza, que nós do Norte, do Nordeste, sabemos muito bem o que é”.

“Nós precisamos fazer esse debate para defender os interesses dos brasileiros. Para defender o Brasil, defender a Petrobrás, porque a intenção é clara desse discurso, é fechar a Petrobrás. Porque se não tiver novos campos, o maior patrimônio do Brasil, responsável por 10% do PIB, será fechado”, denunciou.

Para o professor, “a coisa está tão maluca, a polarização está tão louca, que fizeram a polarização entre fósseis e não fósseis e esqueceram de combinar com o povo. Não tem povo nessa equação, não tem povo no debate”. “É preciso fazer esse debate para defender os interesses do povo brasileiro, defender o Brasil”, defendeu.

A Petrobrás prevê investimentos de US$ 3,1 bilhões, entre 2024 e 2028, para pesquisas na Margem Equatorial. A expectativa é perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos. Em maio do ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou os pedidos da petroleira para realizar estudos no bloco FZA-M-59 no Amapá Águas Profundas o de maior potencial. A direção da estatal apresentou um novo pedido, mas ainda aguarda a resposta do órgão.

De acordo com a Petrobrás, a perfuração de poço está localizado a uma distância de 175 quilômetros da costa do Amapá e a mais de 500 quilômetros de distância da foz do rio Amazonas.

Além de parlamentares federais, deputados estaduais do Amapá e do Maranhão, também participaram do evento a gerente geral de Licenciamento e Meio Ambiente da Petrobrás, Daniele Zaneti; o diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil, Inácio Melo; o secretário da Casa Civil do Maranhão, Sebastião Madeira; o presidente da Empresa Maranhense e Administração Portuária (EMAP), Gilberto Lins; entre outros líderes e autoridades.

Fonte: Página 8