Para Mercadante, R$ 250 bilhões do BNDES é pouco para reindustrializar o Brasil
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defendeu mais recursos para a reindustrialização do país, nesta quinta-feira (25).
Segundo Mercadante, o BNDES já liberou em financiamento à indústria “mais de R$ 100 bilhões” dos R$ 250 bilhões de responsabilidade do banco de fomento no pacote de R$ 300 bilhões voltado à estratégica Nova Indústria Brasil, que foi lançado no início deste ano pelo governo Lula. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) estão incumbidos com o restante do aporte financeiro à indústria.
“Nós estamos entregando o que nos comprometemos”, disse Mercadante. “Posso dizer, que nos dados de abril, nós já passamos de R$ 100 bilhões, dos R$ 250 bilhões que nós nos comprometemos. R$ 250 bilhões é pouco. Repito, 250 bilhões hoje é pouco. O Brasil pode mais”, disse o presidente do BNDES, no “Fórum de Debate para o Desenvolvimento e Financiamento à neoindustrialização”, realizado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).
De acordo com o BNDES, até março deste ano, R$ 96,9 bilhões foram liberados em financiamento para a indústria.
“O primeiro trimestre do ano teve um crescimento de 68% nas consultas e de 92% nas aprovações”, comentou Aloizio Mercadante.
De acordo com Mercadante, “os Estados Unidos têm desenvolvido uma política industrial baseada em protecionismo e concessão de subsídios não reembolsáveis. A União Europeia não é diferente e a exitosa e vigorosa trajetória econômica da China muito menos”, declarou em entrevista à Agência Gov.
Citando estudo do FMI de janeiro, no qual analisa mais de 2 mil medidas de política industrial adotadas em 2023 em países que respondem por 94% do PIB mundial. O estudo encontrou uma utilização cada vez maior de subsídios, barreiras, compras públicas. De acordo com o FMI, é de 73% a probabilidade de EUA, China e União Europeia adotarem no prazo de um ano ainda mais subsídios.
“Essa ideia de Estado mínimo, desregulamentação, privatizações, como se isso fosse resolver todos os problemas do desenvolvimento, esses valores estão sendo substituídos por uma retomada muito intensa de política industrial, de política de fomento ao desenvolvimento”, declarou Mercadante sobre as medidas neoliberais impostas aos países em desenvolvimento pelo Consenso de Washington.
A abertura do evento na ABDE contou também com as presenças do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin; da presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio ao Sistema Nacional de Fomento para o Financiamento ao Desenvolvimento (FPSNF), deputada Luísa Canziani; além do presidente da ABDE e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera.
Fonte: Página 8