Para docentes federais, “proposta do governo é uma violência contra servidores”
A reação dos servidores públicos federais ao resultado da Mesa Nacional de Negociação com o governo, na quarta-feira (11), que, de acordo com as entidades sindicais presentes, “naufragou”, já começou. Na mesma noite de quarta, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) reafirmou a greve da categoria com início na próxima segunda-feira (15), como já estava anunciado.
“Indiferentes à pressão e ignorando o recado dado pelas bases que foram decisivas na vitória de Lula sobre Bolsonaro, a equipe econômica de Fernando Haddad e Esther Dweck obedeceu à cartilha neoliberal da elite financeira e manteve o reajuste zero em 2024”, afirma a entidade sobre a oitava rodada de negociação sobre o reajuste salarial reivindicado pelas diversas categorias do setor público, sem sucesso.
A entidade ressalta ainda como “indecoroso”, um dos pontos do Termo de Compromisso de Campanha Salarial 2024 apresentado pelo Ministério da Gestão e Inovação no encontro, condicionando a continuidade das negociações ao direito de greve dos servidores. A cláusula foi tão duramente rechaçada pelas entidades sindicais que, ainda no início da noite de ontem, foi retirada. Mas o estrago já estava feito.
“O surpreendente e até surreal da rodada desta quarta-feira (10) foi a falácia do discurso do governo. Enquanto, de um lado, Lula usava a imprensa comercial para defender a agenda ministerial e o direito de greve, colocando-se como cria direta de movimento paredista, por outro, entre as quatro paredes da reunião da MNNP, o tom do acordo proposto foi flagrantemente antissindical”, afirma o Andes-SN.
De acordo com a entidade, a proposta da União, de manter o reajuste zero em 2024, se comprometendo apenas em negociar nas mesas específicas das categorias, é “reajuste dos penduricalhos”, com o Auxílio-alimentação passando de R$ 658 para R$ 1000; a Assistência Pré-escolar de R$ 321 para R$ 484,90 e o valor per capita da Saúde Suplementar reajustado em 51%.
Segundo o presidente do ANDES-SN, Gustavo Seferian, o resultado da reunião “expressa uma série de violências ao conjunto dos servidores e servidoras. De início, por encolher a já reduzida proposta que existia até então: seguem mantidos apenas os acréscimos nos benefícios, projetando toda e qualquer recomposição remuneratória para as negociações setoriais”.
Fonte: Página 8