Repressão durante a ditadura de 1964. Foto: Arquivo Nacional

A data em que ocorreu o golpe cívico-militar de 1964 deve ser desprezada, segundo 63% dos brasileiros e merece celebração de acordo com 28%; 7% não souberam opinar. Os dados fazem parte de pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (30), véspera do dia em que, há 60 anos, os militares tomaram o poder, instaurando o regime de exceção que perseguiu, torturou e matou opositores e que terminou somente em 1985. 

Ainda de acordo com o levantamento, 58% dos bolsonaristas autodeclarados acreditam que a data deve ser desprezada, enquanto 33% que ela deve ser comemorada. 

No outro lado do espectro político, entre os que se dizem petistas, 68% defendem o desprezo, contra 26% que pensam o oposto. Já entre o segmento que se vê como politicamente neutro, 60% opinaram pelo desprezo e 26% pela celebração. 

No recorte por classe social, as pessoas que ganham 10 salários mínimos ou mais — que correspondem aos 2% mais ricos — são os que mais defendem o desprezo (80%) ante a celebração (20%).

A negação com relação à comemoração da data é um dado positivo quando analisado sob o prisma não do esquecimento, mas da não celebração. E aumentou em relação a 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, defensor da ditadura, da tortura e dos desaparecimentos rotineiros durante o regime. Em abril daquele ano, quando foi feita a mesma aferição, os percentuais eram de 57% pelo desprezo, contra 36% pela comemoração. 

Durante sua passagem pela presidência da República, Bolsonaro e seus apoiadores se empenhavam em defender o regime opressor, inclusive por meio de homenagens no âmbito institucional, como as notas do Ministério da Defesa tratando o golpe como uma revolução democrática. 

O Datafolha também mediu a percepção dos brasileiros quanto à tentativa de Bolsonaro se perpetuar no poder de maneira antidemocrática. Para 55%, o ex-presidente tentou dar um golpe após ser derrotado pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outros 39% pensam o contrário; 7% não souberam dizer. 

Além disso, a pesquisa quis saber a opinião dos entrevistados quanto à possibilidade de anistia para os golpistas do 8 de Janeiro de 2023: 63% são contrários ao perdão, 31% são favoráveis, 2% se dizem indiferentes e 4% não opinaram. 

O instituto ouviu 2.002 pessoas em 147 cidades brasileiras nos dias 19 e 20 de março. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos.

Com agências

(PL)