“MP do governo contraria discurso de retomada da Eletrobrás”, critica CNE
Em entrevista ao Canal Faixa Livre, o diretor da Associação dos Empregados de Furnas (Asef) e representante do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), Victor Costa, criticou a recente edição pelo presidente Lula da medida provisória (MP 1.212/2024), que objetiva diminuir a conta de luz em 3,5% com recursos advindos da privatização da Eletrobrás. De acordo com Victor Costa, a medida “valida a privatização” e vai na contramão do discurso do presidente de “retomada da Eletrobrás para o povo brasileiro”.
“Quando o governo busca esses recursos advindos da privatização da Eletrobrás, algo em torno de R$ 27 bilhões, ele, de certa forma, está validando essa privatização, legalizando essa privatização”, disse.
Segundo Victor, há aí uma “contradição” quando, da mesma forma que o governo faz um discurso de retomada da Eletrobrás, ele quer se utilizar de recursos advindos dessa privatização. “Acho que nossas atitudes devem ser coerentes com nossas palavras”, afirmou o eletricitário.
Para Victor Costa, além do mais, ações imediatistas como medidas provisórias para um setor tão complexo como o elétrico, seja para a segurança energética como para baixar tarifas, é sempre um perigo e chega a causar “arrepios”, como foi a reação a essa MP.
“Não são soluções a curto prazo [que vão resolver], que num primeiro momento pode provocar uma redução de tarifa de até 5%, mas é como se você tivesse asfixiando a tarifa”. “No efeito de asfixia, naturalmente quando você tira as mãos do pescoço, vem um fluxo grande de oxigênio, pela demanda represada, e isso já aconteceu diversas vezes na história do Brasil. Sempre que se tentou buscar soluções a curto prazo para um setor tão complexo, no médio e no longo prazo, essa conta veio a ser paga numa proporção muito maior do que a intenção inicial”, explicou.
“O governo ficou cinco meses para editar essa MP e a repercussão foi tão negativa, que logo no dia seguinte, o Executivo estabeleceu um grupo de trabalho de onze especialistas para pensar o setor elétrico brasileiro. O mais correto teria sido buscar esses especialistas antes da elaboração da MP”, criticou.
Fonte: Página 8