Milei com a chefe do Comando Sul dos EUA, Laura Richardson | Foto: Divulgação

Javier Milei viajou 2.350 quilômetros e encarou seis horas de voo para ir a Ushuaia, na Patagônia, cantar o hino nacional dos Estados Unidos e anunciar a construção de uma base militar naval do império no extremo sul da Argentina, o “grande centro logístico” mais próximo da Antártida.

Fantasiado de militar, o servil se encontrou com a chefe do Comando Sul dos EUA, Laura Richardson, a quem bateu continência e prestou vassalagem, assegurando ao país do Norte “a porta de entrada do continente branco”. Atualmente, os navios que viajam à Antartida são abastecidos principalmente em Punta Arenas, no Chile, ou nas Ilhas Malvinas, argentinas, atualmente sob controle da Inglaterra.

Milei disse que os argentinos têm “uma afinidade natural” com os Estados Unidos, com quem partilham “a defesa da vida, da liberdade e da propriedade privada”. Para ele, em um momento em que “o Ocidente está em risco”, diante dos avanços da China e da Rússia, é necessário que haja uma resposta conjunta. Com os ianques.

“O presidente argentino, ao falar de ‘expansões territoriais’, disfarçado de soldado ao lado de uma autoridade do exército dos Estados Unidos, nos enche de vergonha como nação”, declarou o ex-presidente Alberto Fernández, para quem o “discurso expressa a submissão a uma nação estrangeira”.

“Suas palavras também são uma provocação às nossas irmãs nações vizinhas e a todos os países com quem mantemos fortes laços comerciais e culturais”, apontou Fernández. “Ser servilismo é humilhante. Creio que ninguém lhe pediu tanto. Nem as autoridades dos Estados Unidos”, protestou.

Para aprofundar sua política de alinhamento automático com a Casa Branca, o palhaço da Casa Rosada suspendeu todo e qualquer investimento com capital chinês que fortaleçam um desenvolvimento independente à Argentina, até mesmo as obras das represas hidrelétricas de Santa Cruz, que estão quase finalizadas. Descartou que empresas chinesas participem na Hidrovia (bacia do rio Paraná, epicentro comercial da região), cancelou a construção das centrais nucleares em Buenos Aires e impediu o acesso de Pequim aos maiores depósitos de lítio e minerais raros, insumos chaves para o desenvolvimento tecnológico.

O deputado de Santa Fé, Eduardo Toniolli, da União pela Pátria, assegurou que “tamanho nível de entrega não tem comparação”. “A alegria canina com que anunciou em rede nacional a construção de uma base naval conjunta na Terra do Fogo, só pode ser comparada em nossa história com a atitude de um obscuro vice-presidente da infame década, Julito Roca, que – antes da assinatura do Pacto Roca Runciman – gritou exultante: ‘A Argentina é a joia mais preciosa da coroa britânica”, lembrou.

“Todo argentino que ama a sua Pátria tem o dever moral de enfrentar esta ordem de coisas”, destacou Toniolli. “Para nós que temos responsabilidades institucionais circunstanciais, a obrigação é dupla: não se pode transigir com quem, em nome da liberdade, pretende nos transformar num indigno protetorado do país do Norte”, protestou.

O parlamentar oposicionista lembrou ainda que “o mesmo Milei que não esteve no dia dois de abril em Ushuaia para honrar os nossos veteranos de Malvinas deixou todas as suas obrigações, correu para encenar um vergonhoso ato de capitulação diante de um modesto general do Exército dos EUA”.

Em contraposição à vassalagem do presidente, o governador da Terra do Fogo, Gustavo Melella, e o prefeito de Ushuaia, se negaram a receber Richardson, assinalando que “o Comando Sul do Exército dos Estados Unidos realiza manobras conjuntas com os britânicos no Atlântico Sul”. O governador também destacou a importância do porto financiado por Pequim, “no extremo sul da América do Sul, rica em gás natural e um dos novos potenciais argentinos”.

Fonte: Papiro