Metade dos pesquisadores de Inteligência Artificial vêm da China e 18% dos EUA
Estudo que mostra um salto na atividade chinesa em Inteligência Artificial (IA), informa que a China, há três anos, já estava na frente, então com 30%.
As pesquisas foram realizadas pela MacroPolo, entidade ligada ao Paulson Institute, que promove laços construtivos entre os Estados Unidos e a China.
Nesse período, os EUA marcaram passo, ficando praticamente na mesma posição. A pesquisa da MacroPolo considerou o histórico de pesquisadores cujos artigos foram publicados na Conferência de 2022 sobre Sistemas de Processamento de Informações Neurais, NeurIPS.
A conferência se concentra nos avanços em redes neurais, que ancoraram os recentes desenvolvimentos em IA generativa. De longe, China e EUA são os países mais avançados em Inteligência Artificial.
Desde 2018, a China adicionou mais de 2 mil programas de graduação em IA, com mais de 300 em suas universidades de elite, disse Damien Ma, da MacroPolo. Ele observou que esses programas chineses de inovação estavam principalmente focados nas aplicações de IA “no setor industrial e de manufatura”, e não tanto na IA generativa (setor que cria sistemas que respondem solicitações em linguagem comum) “que está dominando o setor nos EUA”.
Mesmo neste setor, uma parte significativa dos avanços na IA generativa foi feita por pesquisadores formados na China, segundo o estudo.
Para Matt Sheehan, do Carnegie Endowment for Internacional Peace e especialista em IA, “os dados mostram o quanto os pesquisadores nascidos na China são fundamentais para a competitividade da IA nos Estados Unidos”.
No entanto, sob a guerra tecnológica movida por Washington contra o domínio da alta tecnologia pela China, que Trump desencadeou e Biden manteve, esses profissionais de origem chinesa passaram a sofrer constrangimentos, sob alegações espúrias como “riscos à segurança” – quando se sabe que os EUA são recordistas absolutos em espionagem industrial e cibernética.
Uma difamação mantida apesar de que, reconhecidamente, muitos dos maiores projetos na área não lidam com dados confidenciais e grande parte das principais pesquisas são publicada abertamente (ou em código aberto).
Constrangimentos que se agravam agora, quando um engenheiro do Google de origem chinesa foi acusado por autoridades federais de tentar transferir tecnologia de IA – incluindo arquitetura crítica de microchip – para uma empresa sediada em Pequim.
Antes disso, o governo Trump foi flagrado processando erroneamente vários professores de origem chinesa. Quando é a China que lidera em inovação em toda a frente, é no mínimo curioso pretender atribuir aos chineses o roubo de propriedade intelectual.
Na comunidade acadêmica norte-americana, surgem alertas contra esse tipo de comportamento. “Os acadêmicos chineses estão quase liderando a corrida da IA”, diz Subbarao Kambhampati, professor e pesquisador de IA na Universidade Estadual do Arizona. Se legisladores tentarem impedir que os chineses façam pesquisas nos Estados Unidos, ele acrescentou, estarão “dando um tiro no próprio pé”.
O que explica que esteja mudando a tendência que vigorou durante a maior parte da década de 2010, quando um grande número de pesquisadores da China concluiu doutorado nas universidades e acabou permanecendo nos EUA. Agora, um número crescente de pesquisadores chineses está optando pelas instituições científicas chinesas.
A consequência é que os EUA, que há três anos, de acordo com a pesquisa, abrigavam 59% dos melhores talentos no mundo na área de IA, viram esse percentual encolher para 42%.
Fonte: Papiro