Três navios foram obrigados a voltar ao porto de Larnaca, no Chipre, após morte de sete de seus apoiadores em Gaza | Foto: AFP

Ao assassinar sete trabalhadores humanitários que haviam rompido o seu bloqueio genocida ao norte da Faixa de Gaza, Israel fechou definitivamente, segunda-feira (1), a via marítima de transporte e distribuição de alimentos à população. Levando a política de terrorismo de Estado ao seu limite, o governo de Netanyahu cortou um dos canais restantes para evitar que milhões de palestinos morram de fome.

O fundador da organização espanhola Open Armas (Braços Abertos), Oscar Camps, afirmou que com o ataque, direcionado e planejado a ativistas da Austrália, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Polônia, a mensagem enviada por Israel é bastante clara: “quer praticar o genocídio com fome, sem testemunhas e sem ajuda” que impeça a dizimação.

Desde o porto de Larnaca, no Chipre, Camps lembrou que as forças da ocupação já assassinaram 200 apoiadores internacionais e 130 jornalistas. “Primeiro atacaram em Gaza as agências internacionais, incluídas as da Organização das Nações Unidas (ONU) e agora agridem o comboio da World Central Kitchen (WCK). Porque sim, a fome é uma arma”, enfatizou.

Como o número de caminhões de ajuda que entram em Gaza por rodovia é insuficiente, após mais de cinco meses de agressão, os alertas de fome se multiplicam, aumentando os esforços para levar ajuda por via aérea ou marítima. Mas as agências da ONU têm afirmado repetidamente que as entregas terrestres são a única forma de abastecimento no volume necessário.

Oscar Camps frisou que o ataque israelense obrigou uma frota de navios com centenas de toneladas de alimentos a ter que dar meia volta sem entregar ajuda a pessoas que estão morrendo de fome. “Porém não são somente essas 400 toneladas – da parceria da World Central Kitchen, com sede nos Estados Unidos e a Open Arms. Há duas mil toneladas esperando nos armazéns de Larnaca para serem transportados em outras viagens que não serão mais realizadas. O alimento que pode salvar milhões de pessoas está a menos de 400 quilômetros de distância”, explicou.

“E isto ocorre precisamente quando a ONU declara uma situação de fome iminente em Gaza, algo que poderá acontecer em junho se o bloqueio continuar”, assegurou.

“Foi aberto um corredor que seria bastante escalonável. Pelo sucesso que tivemos na primeira missão e pelo andamento das coisas nesta segunda, tudo parecia estar crescendo. Estava começando a despertar muito interesse. Várias ONG com frotas de barcos disponíveis também solicitaram autorização ao governo israelense. Acho que Israel sabia disso e decidiu negá-la”, declarou Camps. Para o ativista da Braços Abertos, “o que o governo israelense está fazendo é tão desumano que é difícil saber o que estão pensando”.

Segundo Nebal Farsakh, porta-voz do Crescente Vermelho Palestino, houve uma queda de 50% nos caminhões de ajuda para Gaza no mês de fevereiro, em comparação com o mês anterior, e as filas continuam aumentando. “O fato é que se as autoridades israelenses implicam com algum artigo, barram a entrada de todo o veículo, que retorna sem saber qual o item que motivou a negativa. Milhares de caminhões ainda aguardam na passagem de Rafah, precisando ser aprovados”, denunciou.

Desde o início da agressão israelense, em outubro de 2023, o número de mortos palestinos no maior campo de concentração do mundo ultrapassou 33 mil, com mais de 75 mil feridos, informou o Ministério de Saúde do enclave.

Fonte: Papiro