Danos causados pelas tropas israelenses em Nur Shams, na Cisjordânia ocupada | Foto: Raneen Sawafta/Reuters

Um ataque que durou 48 horas realizado pelas tropas de Netanyahu ao campo de refugiados de Nour Shams, localizado na Cisjordânia ocupada, deixou pelo menos 14 pessoas assassinadas, informou no sábado (20) o Ministério da Saúde da Palestina.

O ataque começou na noite de quinta-feira (19) com veículos blindados israelenses e tropas cercando o campo ao leste da cidade de Tulkarm.

Os palestinos, incluindo os mortos e feridos, ficaram cercados dentro do campo, sem acesso a assistência médica durante o ataque, enquanto ambulâncias eram bloqueadas pelas forças israelenses.

Um paramédico voluntário foi baleado na perna ao tentar alcançar um homem ferido, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.

Durante os dois dias, o ministério confirmou que sua equipe não conseguiu entrar no campo, apesar de vários relatos de vítimas e pedidos de ajuda.

Corpos espalhados pelas ruas começaram a apodrecer e exalar mal cheiro, de acordo com fontes da região, e os moradores eram forçados a se esconder em suas casas quando escavadeiras militares arrasavam estradas e lojas.

“O que aconteceu no campo foi como um terremoto. Nunca passamos por isso antes”, assinalaram moradores do local em declarações à Al Jazeera.

Equipes médicas e de ambulância conseguiram entrar no campo só na noite de sábado, quando houve uma retirada parcial das tropas israelenses após o ataque de 48 horas. O Hospital Governamental Thabet, em Tulkarm, ao norte da Cisjordânia, recebeu nas últimas horas os corpos de mais 13 palestinos mortos.

Além das vítimas mortais, as tropas israelenses realizaram extensas demolições e destruição de infraestruturas e propriedades com escavadeiras pesadas. Lançaram incursões em dezenas de casas, mobilizando cães de ataque, aprisionando jovens e postando franco-atiradores nos telhados de edifícios altos. Ainda bombardearam várias casas e veículos com mísseis lançados desde o ombro.

Desde o início do conflito, pelo menos 479 palestinos foram mortos pelas forças israelenses ou pelos colonos na Cisjordânia ocupada.

EM GAZA O MORTICÍNIO CONTINUA

Os aviões de guerra das tropas de ocupação israelense não pararam na Cisjordânia, atingiram duas casas de civis palestinos na cidade de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, na madrugada de domingo (21), provocando a morte de 19 pessoas, incluindo 14 crianças.

Fontes locais denunciaram que o primeiro ataque teve como alvo uma casa na área do campo de Ashdod, no centro de Rafah, matando 4 pessoas, um homem, sua esposa grávida, sua filha e uma vizinha.

Uma cesariana foi realizada na mulher e as equipes médicas conseguiram salvar a vida do bebê. 

As fontes acrescentaram que o segundo ataque teve como alvo uma casa ao leste de Rafah, matando 15 civis que se abrigavam no local, incluindo 13 crianças e duas mulheres. Várias pessoas desapareceram e as equipes de resgate ainda estão trabalhando para recuperar as pessoas presas sob os escombros.

Mais uma série de ataques lançados por aviões de guerra tiveram como alvo terras agrícolas na área de Khirbet Al-Adas, ao leste de Rafah, ferindo três pessoas.

Uma marcha foi organizada na tarde deste domingo na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, denunciando os crimes das forças de ocupação do governo de Netanyahu em toda a região.

Convocada por organizações sociais e políticas nacionais, a marcha foi organizada em repúdio aos massacres e em luto pelos palestinos mortos na Faixa de Gaza e no campo de refugiados de Nour Shams, em Tulkarem.

Os manifestantes entoaram slogans denunciando o silêncio da comunidade internacional face aos contínuos crimes israelenses contra o povo palestino, e também apelando à unidade nacional.

Fonte: Papiro