Presidente mexicano em coletiva de imprensa | Foto: Pedro Pardo/AFP

Após a invasão de forças policiais do Equador à Embaixada mexicana em Quito para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, a quem o presidente Andrés Manuel López Obrador outorgou asilo diplomático, o governo do México anunciou nesta sexta-feira (5) o rompimento de relações diplomáticas com o Equador.

“Alicia Bárcena, nossa secretária de Relações Exteriores, acaba de me informar que a polícia do Equador entrou à força em nossa embaixada e deteve o ex-vice-presidente daquele país”, escreveu Obrador no X, antigo Twitter.

“Isto é uma violação flagrante do direito internacional e da soberania do México, razão pela qual instruí a nossa chanceler a emitir uma declaração sobre este ato autoritário, proceder legalmente e declarar imediatamente a suspensão das relações diplomáticas entre o governo do México e Equador”, completou.

Jorge David Glas foi vice do presidente Rafael Correa de 2013 até 2017. Ele alega ser vítima de uma perseguição da Procuradoria-Geral do Equador e permaneceu na embaixada mexicana desde o final do ano passado quando recebeu asilo do governo mexicano.

Segundo informações da agência AP, durante o dia os militares vigiaram o prédio da Embaixada e, durante a noite, policiais equatorianos arrombaram as portas externas da sede diplomática mexicana com veículos blindados e conseguiram acesso aos pátios. Bárcena informou que funcionários diplomáticos ficaram feridos após a ação policial.

O embaixador interino e encarregado de negócios da embaixada mexicana, Roberto Canseco, assinalou que ele tentou impedir fisicamente as forças de segurança de entrar na missão diplomática, mas que foi espancado por policiais durante a operação. 

“Eles me bateram. Eu caí no chão. E tentei impedi-los fisicamente de entrar. Como criminosos, eles invadiram a Embaixada do México no Equador. Isso não é possível. Não pode ser. É uma loucura”, denunciou.

A Chancelaria informou que o México recorrerá à Corte Internacional de Justiça para “denunciar as violações do Direito Internacional por parte do Equador”.

Além disso, manifestou que o pessoal diplomático “deixará imediatamente aquele país”. “O México espera que o Equador ofereça as garantias necessárias para o abandono do pessoal mexicano”, disse.

O presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza, também criticou o Executivo pela tensão diplomática criada com o México. “A soberania se defende com ações que respeitem as decisões do povo equatoriano, que coloquem o bem-estar nacional em primeiro lugar e que não se curvem aos interesses estrangeiros”, disse o indígena.

O Grupo de Puebla, associação que possui 32 membros e do qual o presidente Lula faz parte, se pronunciou na plataforma X e acusou Noboa de violar o direito internacional, porque primeiro declarou o embaixador mexicano pessoa não grata sem fundamentos concretos, e depois não concedeu salvo-conduto a Glas.

Fonte: Papiro