Sam Salehpour, engenheiro da Boeing, ao testemunhar no Senado dos EUA | Foto: Drew Angerer/AFP

“Eu tenho sérias preocupações sobre a segurança dos Boeing 787 e 777 e eu estou disposto a enfrentar um risco profissional para relatá-las”, afirmou no Senado dos EUA o engenheiro Sam Salehpour, que também citou “ameaças com violência” por parte dos seus superiores.

Na quarta-feira (17), em duas audiências do senado dos Estados Unidos, a Boeing foi denunciada por más práticas na fabricação de seus aviões. Um dos denunciantes, o engenheiro Sam Salehpour, testemunhou que a Boeing tornou como política da empresa uma “cultura de falta de segurança” e que ao reportar problemas para seus superiores foi intimidado e até “ameaçado com violência”.

“Eu tenho sérias preocupações sobre a segurança dos aviões 787 e 777 e eu estou disposto a tomar um risco profissional para relatar sobre estes fatos”, disse o engenheiro.

Em seu testemunho, Salehpour descreveu que na fabricação de seus aviões, a Boeing tem usado métodos fora das normas, como pessoas pulando em cima das partes do avião para fazê-las se encaixar e selar o espaçamento entre as partes do avião, deixando um espaço maior que 5 milésimos de polegada, acima das especificações da própria empresa.

A defesa da Boeing discordou dizendo que o espaçamento de 5 milésimos é de um fio de cabelo ou duas folhas de papel e que as especificações da própria empresa Boeing são muito exageradas. Salehpour, respondeu que “operando a 35 mil pés, o espaçamento de um fio de cabelo pode ser um caso de vida ou morte.”

Ao tentar relatar esses problemas na fabricação dos aviões aos superiores, Salehpour descreveu que houve uma reação negativa por parte dessas pessoas na empresa. E que ao testemunhar esses problemas no senado americano, ele o fazia a com convicção de que a Boeing estava “colocando aviões defeituosos”.

“Eu fui ignorado. Disseram-me para não criar atrasos. Disseram-me, francamente, para calar a boca”. Ele também denunciou que funcionários que relatam problemas são “ignorados, marginalizados, ameaçados, ou pior.”

“Quando eu trago alguma coisa para meu chefe, ele me impede de documentar ou enviar informação. Quando um gerente de qualidade diz para não enviar um assunto a um especialista… Isso é preocupante”.

Salehpour também disse ter instado a Boeing a suspender todos os jatos 787 para inspeção. Por sua vez, a Administração Federal de Aviação dos EUA afirmou estar investigando as alegações de que a Boeing tomou atalhos para reduzir gargalos de produção ao fabricar o 787.

Fonte: Papiro