Câmara de Porto Alegre decide liberar exposição sobre a ditadura
A mesa diretora da Câmara de Vereadores de Porto Alegre decidiu finalmente, na quinta-feira (28), autorizar a realização de exposição sobre a ditadura militar no Brasil, que acontece a partir desta segunda-feira (1º) até a sexta (5) no saguão da Casa, com o ato oficial de abertura “Ditadura Nunca Mais” na quarta-feira (3), às 19h. Inicialmente, o pedido havia sido negado.
A exposição foi proposta pelo vereador Giovani Culau e Movimento Coletivo (PCdoB) e planejada em parceria com o projeto “Trajetos de Memória – Caminhos da Ditadura em Porto Alegre”, uma iniciativa de estudantes de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Ao receber a negativa da direção, o vereador Giovani Culau denunciou: “Mais uma vez, a direita quer silenciar a história do povo brasileiro, com total desrespeito à memória das vítimas desse regime autoritário que assolou o nosso país durante três décadas. Faço uma pergunta aos que posam por aí como defensores das liberdades individuais: qual a justificativa para que a exposição não ocorra?”.
Segundo o mandato de Culau, a justificativa usada pela mesa diretora foi o de que os vereadores queriam consultar o conteúdo da exposição. No entanto, o mesmo, além de ser público, já havia sido encaminhado com antecedência para a mesa.
O mandato salientou que a possibilidade de censura constituía um “sério atentado à memória, à verdade e à liberdade de expressão, fundamentais para a preservação da democracia”.
Na noite de quinta-feira (28), véspera de feriado, a Câmara resolveu liberar a exposição. O despacho diz que “a Mesa Diretora, em decisão conjunta em 28/03/2024, deliberou pela autorização da exposição requerida pelo Vereador Giovani Culau, haja vista a data de início da exposição, de modo a não atrasar o evento, e em respeito ao trabalho do parlamentar”.
A exposição “Memória, Verdade e Justiça”, pensada para lembrar os 60 anos do golpe de 1964, é gratuita. Trata-se de um conjunto de fotos de locais como o Dopinho, a Esquina Democrática e a Praça Argentina, acompanhadas de textos que abordam os eventos sombrios e as violações dos direitos humanos durante o regime militar em locais específicos da cidade de Porto Alegre, assim como os pontos de resistência.
O projeto Caminhos da Ditadura em Porto Alegre foi criado em 2016, como um mapa digital. Em 2021, o projeto expandiu-se para uma proposta de trajeto de memória na cidade de Porto Alegre. Percebendo a cidade como um museu a céu aberto, reuniu-se um grupo de trabalho interdisciplinar que elaborou e aplicou o trajeto de memória para mais de 300 pessoas. Em 2024, o Caminhos segue com saídas mediadas uma vez por mês.
(PL)