Audiência denuncia tentativa de privatização das loterias da Caixa Econômica Federal
Em audiência pública da Comissão de Administração e Serviço Público (CASP) da Câmara dos Deputados realizada na quarta-feira (3), centrais sindicais, entidades de trabalhadores da Caixa Econômica Federal e representantes de empresas lotéricas se posicionaram firmemente contra a privatização das operações das Loterias.
A transferência dessas operações para uma subsidiária da Caixa, como vem sendo ameaçada pela diretoria do banco, segundo os participantes, facilitaria a privatização dessas operações e enfraqueceria o papel social da Caixa.
A criação de uma filial com essa finalidade está sendo discutida internamente pelo conselho de administração da Caixa.
De acordo com Emanoel Souza, secretário-geral da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, que representou a CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil) na audiência, há enormes interesses financeiros por trás dessa intenção e, segundo ele, o governo do presidente Lula não pode se omitir.
“O que a direção da Caixa está tentando fazer é uma manobra ardilosa para transferir as Loterias para uma subsidiária e em seguida abrir o capital para o Mercado, num processo disfarçado de privatização”, disse.
Emanuel Souza e os demais representantes sindicais ressaltaram a importância que as Loterias da Caixa têm na redução das desigualdades sociais no país, lembrando que “cerca de 40% do lucro da Caixa Loterias é destinado a investimentos em saúde, educação e projetos sociais”.
A presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, também defendeu o controle total da Caixa sobre as loterias, lembrando que só em 2023, dos R$ 23,4 bilhões arrecadados com loterias da Caixa, R$ 9,2 bilhões retornaram para a sociedade na forma de investimentos em programas sociais e ações nas áreas de seguridade social, esporte, educação e cultura.
“Esses valores chegam a programas como o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], então o estudante, o brasileiro que está lá estudando ou tem seu filho no Fies está sendo beneficiado por essa arrecadação”, disse.
Já o vice-presidente da Federação Brasileira das Empresas Lotéricas (Febralot), Ricardo Costa, defendeu que, em vez de privatizar, a Caixa deveria aumentar a sua participação no segmento de loterias e apostas.
“O que está em jogo para nós é a necessidade de modernização, de agilidade, de conseguir competir de forma forte, organizada, com as loterias que estão vindo aí. Senão, perdem a Caixa, a União, a população e a rede lotérica, que eu não sei nem se sobrevive”, afirmou.
Ele acrescentou que as novas loterias estaduais e municipais e apostas esportivas chegaram no mercado de loterias como um “tsunami”, com alto faturamento, e que “não se pode imaginar a Caixa fora desse mercado”.
Para a deputada Erika Kokay (PT/DF), que solicitou a realização da audiência com o deputado Tadeu Veneri (PT/PR), “é uma proposta que não tem clareza de quais são os parâmetros. A partir dessa subsidiária, como é que se discute, por exemplo, com os lotéricos, que são quem operam, pela Caixa, as loterias e nos permitem ter a maior rede de atendimento de todas as instituições financeiras, para que a população tenha acesso a benefícios, a serviços bancários?”, questionou Kokay.
Também estavam presentes na audiência representantes da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), a Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa) e o Sindicato das Empresas de Loterias, Comissários e Consignatários do Distrito Federal e Entorno (Sindiloterias DF).
Fonte: Página 8