Ailton Krenak se torna ‘imortal’ e leva pluralidade para a ABL
Na sexta-feira (5), o escritor e ativista ambiental Ailton Krenak tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL), em cerimônia na sede da organização no Rio de Janeiro (RJ). Ao assumir a Cadeira nº 5, antes do historiador José Murilo de Carvalho falecido no ano passado, Krenak se tornou o primeiro indígena imortal pela Academia.
“Desde que me convidaram ou me animaram para ocupar essa cadeira número cinco, eu me perguntava: ‘Será que nessa cadeira cabem 300?’. Como dizia Mario de Andrade, eu sou 300. Olha que pretensão. Eu não sou mais do que um, mas eu posso invocar mais do que 300. Nesse caso, 305 povos, que nos últimos 30 anos do nosso país, passaram a ter a disposição de dizer: ‘Estou aqui’. Sou guarani, sou xavante, sou caiapó, sou yanomami, sou terena”, disse Krenak em seu discurso.
Na oportunidade destacou que o momento é histórico ao levar línguas indígenas a um espaço lusófono, dedicado à língua portuguesa, e entende que a diversidade na ABL deve ser ainda mais ampliada, com espaço à diversidade.
Na posse, estiveram presentes Joênia Wapichana, presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), os ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e da Cultura, Margareth Menezes, além de membros da ABL como Heloísa Teixeira, Arnaldo Niskier, Fernanda Montenegro, Antonio Carlos Secchin, Ruy Castro e Gilberto Gil.
Momento histórico
Nascido em 1953, na região do vale do rio Doce (MG), território do povo Krenak, Ailton Alves Lacerda Krenak leva pluralidade para a ABL.
Com a vida dedicada aos direitos dos povos indígenas e pela defesa do meio ambiente, o autor de mais de 15 livros, entre eles Futuro ancestral (2022) e Ideias para adiar o fim do mundo (2019), já recebeu o título doutor honoris causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).