“196 agentes humanitários mortos em Gaza. Queremos saber por quê”, diz secretário-geral da ONU
“196 trabalhadores humanitários foram mortos e queremos saber por que cada um deles foi morto”, afirmou na sexta-feira (5) o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, sobre a carnificina cometida por Israel contra os que tentam salvar a população de Gaza da fome e da morte.
Também na sexta-feira (5), o Conselho de Direitos Humanos da ONU, pela primeira vez em quase seis meses, aprovou uma resolução sobre a agressão israelense a Gaza, em que chamou a responsabilizar Israel por crimes de guerra e crimes contra a humanidade no território palestino ocupado, e ainda, apoiando o embargo de armas a Israel.
Diante da rara admissão, por Israel, de que o bombardeio que matou sete trabalhadores humanitários da instituição de caridade norte-americana World Central Kitchen na segunda-feira foi um “erro”, Guterres afirmou que o “problema essencial é a estratégia militar e os procedimentos em vigor que permitem que esses erros se multipliquem continuamente”.
Ele sublinhou que “corrigir essas falhas requer investigações independentes e mudanças significativas e mensuráveis no terreno”.
Antes de matar com drones esses sete trabalhadores humanitários, Israel já havia chacinado outros 189 trabalhadores, muitos deles funcionários da ONU em Gaza, mortos por seus bombardeios a escolas, hospitais, abrigos e comboios humanitários.
O secretário-geral da ONU também cobrou de Israel o aumento rápido e efetivo do acesso de ajuda à Faixa de Gaza, descrevendo a situação no território palestino após seis meses de invasão como “absolutamente desesperadora”.
“Quando as portas da ajuda são fechadas, as portas para a fome são abertas. Mais de metade da população – mais de um milhão de pessoas – enfrenta uma fome catastrófica. As crianças em Gaza hoje morrem por falta de comida e água”, disse Guterres a jornalistas.
“Isso é incompreensível e totalmente evitável”, disse ele. “Nada pode justificar a punição coletiva do povo palestino”.
Diante da repercussão no mundo inteiro do massacre dos trabalhadores humanitários da organização de caridade norte-americana e com até o presidente Biden chamando-o de “inaceitável”, Israel anunciou o afastamento de dois militares, escolhidos como bodes expiatórios, e a reabertura da passagem de Erez para o norte de Gaza e o uso temporário do porto de Ashdod, no sul de Israel, para a entrada de ajuda humanitária.
Em março, por unanimidade a Corte Internacional de Justiça da ONU, que já aceitara antes investigar Israel por genocídio em Gaza, ordenou a Israel que pare de bloquear a entrada de alimentos, remédios e combustível, com o enclave à beira da fome.
Em uma entrevista à Reuters, o famoso chef José Andres – que fundou a WCK em 2010 – acusou Israel de “sistematicamente” atingir os sete trabalhadores humanitários “carro a carro”. Esta não foi uma “situação de má sorte em que, ‘oops’, lançamos a bomba no lugar errado”, disse Andres à Reuters.
“Mesmo que não estivéssemos em coordenação com as (Forças de Defesa de Israel), nenhum país democrático e nenhum militar pode estar atirando em civis e humanitários.”
A WCK exigiu que os governos dos países das vítimas pressionem por um inquérito, e disse que pediu ao governo israelense “para preservar imediatamente todos os documentos, comunicações, gravações de vídeo e/ ou áudio e quaisquer outros materiais potencialmente relevantes” para os ataques, a fim de “garantir a integridade” de uma investigação.
Sete pessoas – três britânicos, um palestino, um cidadão canadense-americano, um australiano e um polonês – foram mortos nos ataques, desencadeando indignação nesses países e aprofundando o isolamento de Israel e de sua conduta genocida contra os palestinos.
Uma análise de vídeo e imagens, realizada pela CNN, confirmou que “os três veículos foram atingidos por ataques separados, com os destroços sendo registrados em duas posições na estrada costeira Al Rashid da faixa, e um terceiro local em uma área off-road de terreno aberto nas proximidades. O primeiro local foi a cerca de 2,4 quilômetros do terceiro.
Fonte: Papiro